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ESTUPROS NA UFRRJ | A primavera ruralina: mulheres mobilizadas contra assédio e estupros na UFRRJ

Faísca UFRRJAnticapitalista e Revolucionária

terça-feira 12 de abril de 2016 | Edição do dia

Foto: Pamela Machado

Vivemos um momento histórico na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Depois de muitos anos de silenciamento as mulheres ruralinas se fizeram ouvir e seus gritos ecoaram nos quatro cantos.

Somente este ano foram denunciados 4 casos de violência contra as mulheres no campus e em seus arredores. Na internet, a página criada no facebook para receber denúncias de alunas "Abusos Cotidianos" fez um levantamento sobre os casos e chegaram a um número alarmante, de 1970 a 2016 foram 615 casos relatados e com a reitoria sem um posicionamento em relação aos agressores.

Com isso, o coletivo de mulheres se unificou as demais alunas e foi criada a página "Me avisa quando chegar UFRRJ". O movimento auto organizado de mulheres na segunda feira passada (04) fez um ato iniciado as 12 horas em frente ao restaurante universitário (bandejão), com blusa preta e batom vermelho as mulheres ruralinas decidiram ir até ao prédio principal (P1) e ocupar a reitoria para que a pauta de violência dentro do campus fosse levada até o vice reitor, Eduardo Calado. Em conversa com o mesmo uma simulação de estupro foi feita a fim de que houvesse uma maior sensibilização.

Foto: Yasmin Cabral do Egito

Desde então, o movimento "Me avisa quando chegar UFRRJ" tem ganhado muita força e novas intervenções foram feitas, como o abraço ao prédio principal ocorrido na quarta (6), que teve como objetivo demonstrar o nosso amor pela universidade, abraçamos a rural porque queremos que ela nos abrace. E para cobrar da reitora uma posição sobre o que vem ocorrendo na UFRRJ. A reitoria não pode se omitir enquanto centenas de mulheres vêm sofrendo com assédio e estupros.

Foto: Mariana Vieira/Arquivo Pessoal

Em nota, a UFRRJ “reconhece que existem problemas de segurança no campus Seropédica”. “A Administração Central registra um pedido de desculpas em relação a outro caso de violência, ocorrido em 2015, ao inadequado acompanhamento do mesmo”. A reitoria também é responsável!

Esta é uma luta de todas as mulheres, mas é necessário que as entidades estudantis, diretórios acadêmicos, DCE e os companheiros estudantes homens tomem essa luta contra o machismo e assédio para si junto com as ruralinas.

Levando em conta que este ano acontecerá a eleição para o DCE, precisamos que o diretório tenha atitudes que efetivamente combatam a violência dentro da Rural impulsionando uma forte campanha, já que este como instrumento de luta dos estudantes não tomou com centralidade o combate à violência contra mulher no campus na última gestão. Fica claro que as gestões anteriores deste órgão de representação não agiram de forma incisiva contra os cortes do governo na verba da universidade, que reflete na falta de elementos básicos de segurança, como iluminação.

Neste momento o professor César Augusto Da Ros, pró-reitor de Assuntos Estudantis, determinou a abertura de um processo administratrativo e disciplinar, e a formação de uma comissão de servidores que possam realizar a apuração dos fatos. Mas é fundamental que nesta comissão haja a representação de estudantes ruralinas do movimento de mulheres da UFRRJ. Não vamos aceitar uma comissão que tenha apenas representantes escolhidos pela reitoria que à todo momento fechou os olhos para tantos casos de violência contra as mulheres.

Nenhuma mulher irá tolerar mais abusos, violências, misoginia e sexismo dentro do campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, esse é um ponta pé inicial para que o movimento ganhe mais força e ultrapasse os limites da universidade e chegue a todas, para darmos um BASTA aos abusos que ocorrem todos os dias contra nós mulheres.

Basta de machismos e estupros!

Foto: Pamela Machado
Arte: Isabela Santos




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