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ODEBRECHT E A SUPERVIA | A precariedade da Supervia é o lucro dos capitalistas da Odebrecht

Delação premiada de executivo da Odebrecht expõe esquema de propinas da construtora à agência reguladora de transporte do Rio (Agetransp), com participação do PMDB, para fazer "vista grossa". Mais um esquema de corrupção que coloca à luz do dia o funcionamento do Estado como gestor dos negócios dos capitalistas ao custo da precariedade da vida dos trabalhadores.

quarta-feira 14 de dezembro de 2016 | Edição do dia

Foi a delação de Paulo Caserna, executivo da Odebrecht que até recentemente era o presidente da Odebrecht Transpor, que expôs o esquema de propinas na SuperVia, a concessionária que atua nos trens, e que é operada pela construtora.

Dois diretores da Agência Reguladora de Transportes do Rio (Agetransp) receberam R$ 600 mil reais em nome do PMDB-RJ, de acordo com a delação de Caserna.

O primeiro foi Artur Vieira Bastos. Antes de se tornar diretor da Agetransp, ocupou os cargos de tesoureiro do PMDB e chefe de gabinete do do chefe da Casa Civil de Sérgio Cabral, Régis Fitchner.

Já o outro diretor da Agetransp a ter negociado propina - Cesar Mastrangelo, que hoje é presidente da Agência - ocupou o cargo de diretor de relações institucionais do Metrô Rio.

Segundo o delator, as propinas foram negociadas em uma reunião com a presença de Carlos José Cunha, presidente da SuperVia, que teria dito a Caserna que o pagamento da quantia levaria a uma proximidade maior com os diretores da Agência e, assim, com o governo do PMDB.

Em nota oficial, os diretores da Agetransp negaram as acusações, argumentando em sua defesa com as multas que aplicaram à SuperVia. Veja trecho da nota:

Os conselheiros ressaltam que, desde que o atual conselho diretor tomou posse na agência reguladora, em 2014, houve total rigor na fiscalização dos sistemas de transportes e rodovias regulados. Em dois anos e dez meses, o atual conselho diretor foi responsável por 73 das 97 multas aplicadas à concessionária SuperVia desde o início da concessão, em 1998, o que representa 75% do total de penalidades já aplicadas à concessionária. Apenas entre 2014 e 2015, o atual conselho diretor havia aplicado 52 multas (R$ 5,3 milhões) de um total de 76 penalidades de multa aplicadas, até então, à concessionária SuperVia. Em 2016, de janeiro a outubro, foram aplicadas 21 multas à SuperVia, em um total de R$ 1,3 milhão")

Contudo, o faturamento da SuperVia apenas em 2014 foi de cerca de R$ 480 milhões, e a Agência chegou a demorar cinco anos para julgar uma falha ocorrida em 2011, aplicando uma penalidade equivalente a 0,01% do faturamento da concessionária. E em 2015, a SuperVia ainda devia R$ 2,9 milhões em multas.

Os trabalhadores amargam a cada dia no péssimo transporte oferecido pela SuperVia, enquanto os diretores da Agetransp, os executivos da Odebrecht e da SuperVia, e os políticos dos partidos patronais que negociam as propinas andam em carros luxuosos com motoristas, helicópteros, jatinhos particulares e iates. Os milhões que poderiam garantir um transporte sem falhas, sem aperto, barato, seguro e rápido para todos estão sendo embolsados por eles.

As propinas reveladas na delação de Caserna estão longe de ser algo "fora do normal", mas são apenas o óleo que azeita a engrenagem do Estado, a serviço de garantir os interesses dos capitalistas. Como os imensos salários dos políticos e seus privilégios, assim como dos diretores dessas agências, não são suficientes para os serviços sujos que fazem para essas empresas, as propinas entram como um "bônus" para que eles fecham os olhos para tudo aquilo que, no dia-a-dia dos trabalhadores, dos negros, dos pobres, significa mais aperto, mais precariedade, atrasos, alagamentos nos trilhos e tarifas cada vez mais caras.

Os juízes da Lava Jato, por sua vez, também são funcionários privilegiados com salários que chegam a R$ 80 mil, e que faturam com cada delação premiada. Não estão em nenhum momento preocupados com a defesa dos trabalhadores, do povo pobre e negro e seus interesses.

Por isso que dizemos que é necessário nos mobilizarmos por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, em que sejamos nós que discutamos as regras do jogo e decidamos sobre os problemas que nos afligem, e como serão punidos esses corruptos e seus bens confiscados para que sejam investidos em nosso benefício.




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