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SÃO PAULO | A polícia de Doria tenta barrar o Slam Resistência, um encontro de poetas

O evento Slam Resistência, encontro de manifestação poética, foi ontem intimidado pela Guarda Civil Metropolitana na cidade de São Paulo. Essa medida reflete a política higienista e repressora do prefeito João Doria.

Lara ZaramellaEstudante | Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo

terça-feira 7 de março de 2017 | Edição do dia

Há mais de três anos o evento Slam Resistência acontece no escadão da praça Roosevelt com a rua Augusta, reunindo mais de 100 pessoas, em sua maioria juventude, para escutar e declamar poesia.

Os encontros já foram reconhecidos internacionalmente, lançando, inclusive, poetas para competições fora de São Paulo e do Brasil. É um espaço também de luta, já que caminha paralelamente às manifestações políticas e sociais da cidade, levantando denúncias, exigências e indignações frente à realidade. Na página do facebook é possível ver esse objetivo político-social também: “O Slam Resistência vem na sintonia dos protestos, dos movimentos sociais e do enfrentamento político ativo em defesas culturais/sociais, sócio-ambientais e contra a truculência do Estado para com os manifestantes!”.

No dia de ontem (06), por volta das 20h30, a Guarda Civil Metropolitana (GCM) interviu intimidando os poetas sob alegação de perturbação pública. Mais tarde, às 22h30, abordou novamente, o que causou uma antecipação do fim do evento. Foi a primeira vez que o Slam Resistência teve problemas com a polícia, ficando claro o ataque direto da política higienista e elitista de Dória às manifestações artísticas, políticas e culturais nos espaços públicos.

Desde o começo do ano o recém-eleito João Doria, do PSDB, vem implementando essa política repressora de privatizar a cidade, de impedir a livre ocupação e expressão artística da juventude e da classe trabalhadora e periférica. Pintando de cinza os grafites e as pixações, congelando 40% do investimento municipal na cultura, o prefeito vai elitizando cada vez mais a cidade.

É justamente pela precarização das necessidades básicas da população (na gestão Doria, mais de R$2,5 bilhões com Saúde e Educação foram congelados) que os jovens se reúnem para manifestar, por meio da arte e da cultura, contra todos esses ataques diários. Além de um espaço de poesia, de troca, extravasamento e desenvolvimento cultural, é também um espaço de debate político, de poder fazer sua voz e indignação serem ouvidas.

É necessário defender a arte de rua, defender poetas, grafiteiros, pixadores, eventos de dança, rap, defender toda a cultura urbana. Isso é defender que a cidade e a arte sejam de fato um direito de toda a população, em especial da classe trabalhadora, a qual é excluída dos espaços privados. É necessário ser resistência e se manifestar contra todos os ataques e injúrias, sem deixar que nos calem.




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