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Eleições Presidenciais na França | A mídia burguesa francesa veta Anasse Kazib, pré-candidato trotskista de origem imigrante

Na antidemocrática corrida por 500 assinaturas de prefeitos para ter direito a se candidatar às eleições presidenciais na França, Anasse Kazib vem sofrendo um verdadeiro veto das grandes mídias, totalmente desproporcional com as outras pré-candidaturas. Segundo site que avalia tempo de fala nas emissoras de TV, Anasse, que já tem 119 assinaturas oficialmente computadas, aparece atrás de todos os outros nomes, mesmo aqueles que sequer tem assinaturas de prefeitos.

Lina HamdanMestranda em Artes Visuais na UFMG

quinta-feira 17 de fevereiro de 2022 | Edição do dia

Imagem: Out_ragee [Onde está Anasse?]

Para concorrer à presidência na França, o regime exige uma medida bastante antidemocrática: o candidato precisa coletar 500 assinaturas oficiais de prefeitos de inúmeras regiões do país. Obviamente a lei pesa sobre os ombros das pequenas organizações porque o processo acaba sendo muito custoso. Mas a candidatura do ferroviário Anasse Kazib vem carregando uma série de obstáculos que outras não sofrem, tanto por suas posições políticas quanto por ser um trabalhador ferroviário de origem imigrante e racializado.

Com um programa que visa a auto-organização dos trabalhadores para atacar as raízes da exploração e opressão capitalistas, Anasse vem avançando na corrida por assinaturas através de uma forte campanha militante. E vem sendo alvo de diversos ataques da extrema-direita e, nas grandes e médias mídias, é completamente silenciado, enquanto figuras racistas e xenófobas gozam de horas e horas de espaço de fala.

Anasse Kazib vem sofrendo um verdadeiro veto, totalmente desproporcional com as outras pré-candidaturas. Segundo a instituição pública CSA (Conseil supérieur de l’audiovisuel) que regula rádio e tv no país, Anasse, que já tem 116 assinaturas oficialmente computadas, aparece atrás de todos os outros nomes nos gráficos que expressam o tempo de fala concedido ao candidato no mês de janeiro, mesmo daqueles que sequer tem assinaturas de prefeitos.

Nas redes sociais, Anasse já recebeu milhares de apoios quando dos ataques e ameaças de morte que recebeu da extrema-direita. E também agora sua clara ausência midiática lhe rendeu uma campanha na forma da hashtag #OuEstAnasse (Onde está Anasse?). O candidato, pertencente à organização Révolution Permanente, da mesma rede internacional de jornais que o Esquerda Diário, publicou nesta terça feira os gráficos do CSA que mostra o tempo de fala dado aos diferentes candidatos em janeiro de 2022.

Com 2 minutos e 41 segundos, Anasse se situa muito atrás de candidatos com números de assinaturas muito menores que os seus. Frente a esta evidente desigualdade de tratamento, o ferroviário denunciará sua invisibilização ao CSA nos próximos dias.

Tempo de fala dos candidatos e de seus apoiadores - Período de 01/01/22 a 30/01/22

Como é possível ver no gráfico acima, Anasse possui 11 horas a menos de tempo em canais de comunicação do que candidatos como Christiane Taubira que tem menos assinaturas que ele. Philippot tem apenas uma assinatura computada e aparece com 2h de espaço midiático. Outras candidaturas da extrema-esquerda como Poutou e Arthaud tiveram bem mais tempo que Anasse.

Tempo de fala dos candidatos e de seus apoiadores - Período de 01/01/22 a 30/01/22 - Detalhe dos "pequenos candidatos"

Aproximando o gráfico para ver os "pequenos candidatos" vemos como Anasse segue sendo prejudicado pela mídia. Larrouturou teve 45 minutos de espaço de fala sendo que sequer tem assinaturas na corrida presidencial.

Enquanto isso mais de 500 pessoas transformaram a conferência que Anasse iria dar na universidade Sorbonne em um ato público na praça do Panthéon, unindo apoiadores, coletivos anti-fascistas e estudantes numa frente única contra os ataques de uma organização de extrema-direita que queria impedir o ferroviário de falar na faculdade.




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