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Mirtes, mãe de Miguel, pode ter sido usada como "funcionária fantasma" por prefeito

Mirtes Renata Santana, a mãe de Miguel, foi surpreendida ao saber que seu nome estava registrado em um cargo fantasma na prefeitura de Tamandaré (PE). O prefeito da cidade é o marido de Sari, que olhava o garoto e deixou ele subir no elevador sozinho.

quinta-feira 11 de junho de 2020 | Edição do dia

Mirtes Renata Santana, a mãe de Miguel que morreu na terça-feira passada (2) ao cair do prédio onde ela trabalhava, foi surpreendida ao saber que seu nome estava registrado em um cargo na prefeitura de Tamandaré (PE). O prefeito da cidade é o marido de Sari, que olhava o garoto e deixou ele subir no elevador sozinho.

Mirtes afirma que não tinha conhecimento e trabalhava apenas como empregada na casa do casal. O prefeito diz que irá responder sobre o caso na semana que vem.

Além de Mirtes, a sua mãe também estava cadastrada como funcionária na prefeitura. Segundo as investigações, cargos fantasmas é uma prática recorrente do prefeito de Tamandaré. A pergunta que fica é, se Mirtes estava cadastrada como funcionária da prefeitura, porque seguia trabalhando como empregada doméstica na casa do prefeito, tendo que se expor todos os dias à possibilidade de ser contaminada? Se ela recebia um salário de funcionária pública comissionada, por que tinha que colocar todos os dias a sua vida e a do seu filho em risco?

Para onde estava indo o salário do cargo fantasma? Então, Mirtes poderia estar trabalhando em um emprego formal, com direitos? Ou, ainda, poderia ter sido poupada de trabalhar com a família do prefeito e ter o direito à quarentena remunerada? Mas não. A ela e à tantas outras mulheres negras está relegado os trabalhos de limpeza, cozinha e passear com os cachorros, enquanto sua patroa fazia as unhas e, talvez, recebendo o dinheiro ilegal do cargo. O trabalho doméstico é uma herança da escravidão mantido pela elite.

É um absurdo que os políticos façam carreiras lucrativas e corruptas. É um absurdo que Mirtes estivesse trabalhando, durante uma pandemia, em um serviço nada essencial como o da faxina. É um absurdo que tenha que levar o filho para o trabalho, pois o Estado não dá assistência para as mães. É um absurdo a patroa ter largado o filho da empregada, de apenas 5 anos, num elevador enquanto ela servia à família ou ficaria sem salário. É um absurdo que a pele negra siga morrendo pela exploração e violência desse sistema. Basta!

#JustiçaParaMiguel




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