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FUNDAÇÃO SANTO ANDRÉ | A força está na organização dos estudantes

Com profundos ataques às licenciaturas que desmascaram a Reitoria de José Amilton (professor de História) como democrática, estudantes da Fundação Santo André se organizam e se preparam para enfrentar a redução da carga horária, a perda do bacharelado e o projeto privatista de universidade que tentará ser votado entre hoje e quinta-feira.

Virgínia GuitzelTravesti, trabalhadora da educação e estudante da UFABC

Jenifer TristanEstudante da UFABC

terça-feira 19 de maio de 2015 | 14:20

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Amilton, que "História" é essa?

A história de luta e organização na Fundação Santo André também é a história das desilusões com as reitorias que tentaram, a sua maneira, aprofundar a privatização e o isolamento da universidade, da comunidade e da população negra e pobre. A antiga tentativa de desocupar a Sacadura Cabral e agora o projeto de segurança que efetiva as catracas, a demissão dos seguranças patrimoniais, a militarização do campus e a implementação de mais de 196 câmeras são maneiras de reproduzir a profunda desigualdade social.

Às licenciaturas que foram chantageadas pela reunião do Conselho Universitário que em plenas férias votou o impedimento da abertura de 10 cursos da FAFIL caso não reduzam a carga horária, retirando o bacharelado e fechando a universidade mais um dia (aos sábados), sem promover atividades culturais, cientificas e de lazer para os estudantes, trabalhadores e a comunidade só demonstra como este ataque aos cursos historicamente defensores de um ensino público, gratuito e de qualidade é a porta de entrada de uma universidade, cada vez mais fechada onde os estudantes só devem assistir aula e ir embora.

Tanto a resolução do Conselho Universitário no período sem aulas letivas para chantagear os cursos com a renovação das aberturas aceitando sua precarização quanto o Plebiscito de "Segurança" que expressa os próximos passos para implementar o velho projeto de universidade, expressam a falta de diálogo da reitoria que sem discutir com a comunidade o que esse projeto significa, quer votá-lo. Você votaria pela demissão dos seguranças e o fechamento da universidade?

#Senãotemdiscussãonãotemvotação

A força está na organização dos estudantes

Desde junho de 2013, com as mobilizações da juventude, maioria de universidades privadas, se aprofundaram as rachaduras dos pilares desse regime político degradado, onde todos os governos estão questionados, metidos em corrupção, onde a representatividade e a democracia burguesa evidenciam seu esgotamento. As reitorias, não são muito diferentes do Senado e do Congresso, pois juntos representam interesses alheios aos da população e buscam implementar um projeto de país e de universidade onde os trabalhadores e estudantes arcam com a crise que não geraram.

Para responder os limites das mobilizações de Junho, o movimento estudantil precisa se organizar e demonstrar sua força militante capaz de construir uma terceira via, independente do governo e das oposições burguesas, para responder a profunda crise da educação, da qual os professores de São Paulo vem protagonizando há mais de dois meses, para além de Paraná e outros Estados em greve.

Por isso que está colocado que dos dias 04 à 07 de Junho quando ocorreram os Congressos da ANEL (Assembleia Nacional dos Estudantes Livre) e a UNE (União Nacional dos Estudantes) é preciso impulsionar um grande encontro nacional de educação que sirva para coordenar e organizar as lutas da educação nacionalmente, reunindo professores, trabalhadores e estudantes que são parte das principais lutas e greves contra os cortes na educação, a precarização dos cursos e a ditadura nas universidades privadas.

Que a Ciências Sociais seja só o começo

Nesta sexta-feira (15), estudantes de História, Ciências Sociais e Pedagogia se reuniram para debater os ataques da reitoria de José Amilton. Com muita uma ampla disposição de mobilização e o surgimento de um novo ativismo dos primeiros anos, os estudantes debateram os rumos do movimento, por uma universidade aberta e à serviço dos trabalhadores e do povo pobre.

O movimento estudantil que se recompõem após a profunda derrota sofrida pelos processos e perseguições da reitoria de Caccalano contra a vanguarda que lutou pela derrubada do muro no diretório acadêmico da FAFIL pode encontrar nestas experiências passadas lições importantíssimas tanto nas vitórias, nas derrotas, como com os erros e sua organização. A polêmica aberta na reunião de sexta-feira sobre deliberar ou não a greve nos cursos dizia respeito justamente a concepção de organização do movimento estudantil.

A importância dos fóruns do movimento estudantil e os métodos de organização: as assembleias de curso e assembleias gerais são os pilares de um movimento solido capaz de desde as bases promover a mais ampla democracia para lutar contra a reitoria e poder impor pela mobilização a tomada da universidade por quem realmente a produz, dissolvendo os conselhos universitários e da direção que não representam os interesses dos estudantes, que contraditoriamente são minoria nestes concelhos.

Todavia, os limites da horizontalidade que a atual gestão do DA propõem, onde as reuniões não conseguem expressar a força da organização das assembleias de curso, nem, todavia respeitar a sua organização, suas deliberações e os debates já acumulados, expressam como a é uma "formula democratista" estas reuniões "extraordinárias" que revela a impossibilidade de massificar o movimento, por justamente não poder expressar as posições reais de maioria e minoria a partir de delegados eleitos por curso.

Reconhecer o erro de se aprovar greve, sem votação, numa reunião pouco representativa é um primeiro passo para recuperar a organização em cursos importantes como Geografia, que corretamente questionaram a "horizontalidade" de se falar em nome do curso sem sua presença, e restabelecer um movimento onde se encara seriamente as resoluções e a legitimidade da auto-organização dos cursos. E ir até o final nesta compreensão, diferentemente de moralizar ou "culpabilizar" a atual gestão do DAHG deve servir para reconhecer, legitimar e apoiar ativamente o curso de Ciências Sociais que trancou suas salas e mudou o clima da universidade com colagens de cartazes, faixas e a convocação da assembleia geral de quarta-feira próxima (20).

O DA precisa se apoiar na vanguarda militante, para construir a assembleia geral com passagens em salas e ajudando a fomentar a organização dos cursos, criando pontes em comum que evidenciem a irresponsabilidade da reitoria para gerir a universidade para assim unificar os estudantes na luta contra os ataques. É possível lutar e vencer as reitorias, assim como os governos, avançando em conclusões junto aos estudantes, professores e trabalhadores da universidade da necessidade de controlarem a universidade para colocá-la à serviço de responder as necessidades da população e da classe trabalhadora.




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