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Alemanha | A esquerda alemã não pode se aliar com os que aceitam exportações de armas e o rearmamento!

A esquerda não deve se deixar ser cooptada pelos partidos capitalistas que governam a Alemanha, diz Alexander Kalteis, membro da câmara municipal de Bünde (NRW), e parte da Esquerda Anticapitalista (Antikapitalistischen Linken - AKL).

quinta-feira 3 de março de 2022 | Edição do dia

Tradução feita por Noah Brandsch do artigo publicado no portal Klasse Gegen Klasse, integrante da Rede Internacional La Izquierda Diario e impulsionado pela corrente alemã RIO, irmã do MRT e parte da FT-QI

Uma vigília contra a guerra na Ucrânia foi realizada na quinta-feira em Bünde, na Renânia do Norte-Vestfália, assim como em muitos outros lugares. A CDU (União Democrata-Cristã), o SPD (Partido Social-Democrata Alemão), o Partido Verde e o DIE LINKE, convocaram a ação conjuntamente.

Nas semanas anteriores, esta aliança partidária também convocou manifestações na mesma cidade. Naquele caso, tratava-se de uma contra-manifestação às passeatas anti-vacina.

Alexander Kalteis, membro da câmara municipal de Bünde e parte da Esquerda Anticapitalista (Antikapitalistischen Linken - AKL), considera esta aliança ampla politicamente errada. Parece absurdo que as forças de esquerda entrem numa aliança com partidos que autorizam a exportação de armas para países como a Arábia Saudita, que agora também concordaram em exportar armas para a Ucrânia, e que apoiam o rearmamento maciço, para exigir uma manifestação de paz. Pelo contrário, as forças de esquerda devem ter uma posição clara para exigir mobilizações em massa contra a guerra: tanto contra a agressão russa pelo déspota Putin, como contra o imperialismo da OTAN controlada pelos EUA!

Os poderosos chamam à guerra, enquanto as pessoas comuns atiram umas nas outras, e soldados e civis de todos os lados sofrem com as bombas e as sanções. Entretanto, a indústria do armamento e os capitalistas de ambos os lados estão enchendo os bolsos.

Para Kalteis, as forças de esquerda e os sindicatos devem exigir comícios e mobilizações em todos os países afetados e a nível internacional. Na Rússia já ocorrem manifestações contra a guerra, e a esquerda nos países da OTAN também deve mostrar solidariedade com os trabalhadores da Ucrânia, da Rússia e dos outros países afetados, e não com os exportadores de armas e os capitalistas. Não são os trabalhadores que devem lutar contra os trabalhadores, mas sim contra aqueles que o exploram e exigem dos trabalhadores.

No que diz respeito aos contra-comícios às manifestações anti-vacina que ocorreram em Bünde, Kalteis os analisa com uma lógica semelhante. É claro que devem haver manifestações contra as ideologias conspirativas de direita. Mas sem um programa substantivo que seja do interesse dos trabalhadores, estas manifestações, que ocorrem em todo o país, são cooptadas pelos partidos burgueses no poder e pelas empresas farmacêuticas orientadas para o lucro, e usadas para abafar as críticas às suas próprias ações.

Uma posição de esquerda que se une aos atores capitalistas para tomar medidas conjuntas contra o fascismo, esquece que o fascismo só é produzido pelo sistema capitalista e pelos seus mecanismos. O que é necessário, portanto, é uma posição política diferente em favor dos assalariados, que, por um lado, toma medidas claras contra a agitação fascista e, ao mesmo tempo, assume uma atitude crítica em relação ao governo burguês e aos interesses empresariais com interesses de lucrar.

Kalteis acredita que é perfeitamente compreensível que as pessoas nessa situação excepcional estejam sobrecarregadas e sintam medo. De modo algum todos os participantes dessas passeatas anti-vacina são defensores de ideias fascistas. Muitos são, inicialmente, pessoas de classe média, que são massivamente afetadas pelas medidas não transparentes e duplas do governo – no sentido dos objetivos econômicos e dos lucros. Se as empresas farmacêuticas e outras empresas que fogem da responsabilidade pelos seus trabalhadores dia após dia fossem geridas democraticamente e, portanto, orientadas para o bem comum, estas incertezas sociais seriam muito mais minimizadas.

Estas pessoas, com suas frustrações legítimas, correm o risco de serem cooptadas pelas forças de direita se as forças de esquerda não conseguirem formular uma clara contra-posição de esquerda para o governo e para os protestos anti-vacinação em igual medida. É precisamente isso que o DIE LINKE não consegue fazer ao juntar-se aos outros partidos burgueses.

Uma posição crítica, eficaz e legítima no interesse dos trabalhadores deve fazer as exigências certas: Kalteis exige a segurança social, emocional e financeira da população, contratação suficiente para as clínicas, abolição dos montantes fixos e transferência das clínicas privadas para a propriedade pública.

Além disso, a expropriação e socialização das empresas farmacêuticas e a revogação de patentes sobre vacinas e medicamentos, bem como máscaras PFF2 gratuitas e testes de PCR para todos. Por último, campanhas de informação estatais em vez de uma obrigação de vacinação repressiva. Avançar nestas exigências teria sido a forma adequada de protesto para Kalteis, em vez de se colocar em pé de igualdade com os partidos burgueses que mantêm este status quo.

A luta contra a guerra e a luta contra os efeitos da pandemia estão intimamente ligadas: em ambos os casos, as políticas do governo seguem os interesses dos capitalistas e não dos trabalhadores. Cada centavo para a guerra é um centavo a menos para a expansão do sistema de saúde. É necessário romper com a solidariedade da "unidade nacional" e da subordinação ao governo, e construir um movimento independente de trabalhadores que se oponha à guerra reacionária e à política pandêmica do governo. Só assim a ascensão da direita pode ser travada.

Leia aqui: Declaração da Fração Trotskista pela Quarta Internacional sobre a guerra na Ucrânia.




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