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GOLPE NO SENADO | A eloquência tardia de Dilma, de olho em 2018

Dilma falou ao Senado ontem um discurso duro contra golpe, a hipocrisia do parlamento e Michel Temer, uma postura que vem tarde para fazer alguma diferença.

terça-feira 30 de agosto de 2016 | Edição do dia

Depois da votação na Câmara de Deputados que afastou a presidente Dilma, o PT, Lula e Dilma foram retirando paulatinamente do seu discurso o termo golpe. Ainda apostavam em negociações com a direita para tentar reverter a votação no Senado.

Coube à Frente Brasil Popular, à Frente Povo Sem Medo e aos movimento de juventude realizar alguns atos contra o golpe, mas sem o apoio das principais figuras do petismo. Essa postura foi revertida somente nos instantes finais da trama golpista. Como disse Diana Assunção sobre o discurso de Dilma, “Aos trabalhadores e a juventude não deveria estar reservado somente ser espectadores de um discurso, teria sido necessário, e vai seguir sendo frente ao governo golpista de plantão, superar a estratégia do PT frente ao golpe, que permitiu o golpe institucional passar sem levar a frente a resistência da classe trabalhadora, fazendo greves e mobilizações. Como eu sempre digo, o PT teme mais a luta de classes que os golpistas.

Dilma relatou vários fatores de como foi a articulação do golpe institucional, que juntou a direita mais reacionária do país, com os Temer, Cunha e Bolsonaro como símbolos, com a imprensa e um judiciário que passa longe de ser neutro e está junto com os golpistas, com Sérgio Moro à cabeça.

Mas não faltou no discurso de Dilma ao longo do dia uma defesa enfática do ajuste. Jogou na cara do Congresso que as medidas de ajuste contra os trabalhadores, enviadas pelo seu governo ao Congresso entre 2015 e 2016, foram boicotadas pelos parlamentares que queriam paralisar o seu governo.

Nesta parte seu discurso estava mais dirigido aos investidores internacionais e aos banqueiros, do que à população trabalhadora. Em um momento se apresentou mais uma vez como a melhor opção para aplicar os ajustes.

Também esteve ausente qualquer chamado à mobilização popular e da juventude contra o golpe. A proposta de plebiscito por eleições gerais obteve pouco espaço em sua fala. Todo o discurso duro, mas tardio, mostra que a real intenção do PT e de Dilma não é um combate efetivo contra o golpe, muito menos contra os ajustes que seu próprio governo tentou aplicar. A presença de Lula no Senado e o tom do discurso de Dilma parecem muito a abertura da campanha eleitoral para 2018 do que qualquer outra coisa.




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