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A dor do massacre em Suzano, a hipocrisia dos governos e a defesa da educação pública

quinta-feira 14 de março de 2019 | Edição do dia

Nessa quarta-feira o clima nas escolas é de tristeza, apreensão e medo. Foram 8 pessoas assassinadas e 9 feridas no massacre na escola estadual Raul Brasil em Suzano/SP. Dois ex-estudantes da escola entraram, assassinaram a coordenadora, uma outra funcionária e outras crianças e adolescentes ali presentes.

É desolador e seguramente um momento de muita solidariedade às vítimas e às famílias das vítimas dessa tragédia. Atrocidades assim, em especial nas escolas, são feridas que não se curam. Elas são o sintoma de um regime social decadente e apodrecido, e nos traz um profundo debate sobre as condições da educação escolar pública hoje.

Em dois meses e meio do novo governo, o projeto para a educação no Brasil tem sido de criminalização dos professores e maior precarização das escolas públicas. Nas escolas estaduais não recebemos materiais didáticos, verba, as salas de aula vêm sendo sistematicamente fechadas e a falta de funcionários é um problema crônico. O governo do estado pouco ou nada fala sobre esses aspectos e nas contas de Bolsonaro, o Brasil investe muito em educação.

É uma hipocrisia que esses mesmos governos responsáveis pelas péssimas condições de trabalho que são base para o adoecimento de professores e funcionários, e responsáveis pelo sucateamento da escola e pelo aligeiramento da formação dos jovens, agora digam que se solidarizam com as vítimas e suas famílias. A reforma da previdência que querem aprovar é o exemplo disso, vão deixar os trabalhadores da escola trabalharem até morrer, ou com aposentadorias miseráveis. Ao invés de garantir condições de trabalho para os professores e de estudo para as crianças, instigam o discurso de ódio dentro e fora do ambiente escolar, estigmatizam professores e dão respostas fatalistas como a do Major Olímpio, que disse que professores e funcionários deveriam estar armados na escola para evitar tragédias como a de Suzano.

A resposta aparentemente mais "fácil” é a de aumentar a quantidade de câmeras de segurança, como declarou o secretário de educação, grades, cadeados, ou até “militarização” e maior policiamento nas escolas. Como afirmou Rossieli, secretário de educação, a tragédia traz a necessidade de implementação de medidas de segurança nas escolas. Nada disso aborda o problema de forma estrutural. Novas tragédias poderão acontecer, como inúmeras outras, de menor proporção, que acontecem todos os dias. O projeto deles é do massacre, da guerra contra a juventude trabalhadora, pobre e negra. Contra os professores e qualquer vestígio de uma educação que dê reais perspectivas para a juventude.

Precisamos de mais investimento, de escolas com mais funcionários, com agentes escolares, psicólogos, assistentes sociais equipe pedagógica que possam dar o mínimo de assistência na formação escolar. Além de uma estrutura que possa propiciar uma escola viva para os estudantes, com acesso a esporte, arte, lazer e debates.

Há exato um ano da morte de Marielle Franco mais uma vez sentimos uma enorme tristeza, mas cerrar os punhos e levantar é preciso, por justiça a Marielle, por justiça a comunidade escolar do Raul Brasil e contra os ataques a educação, colocada como inimigo número um do governo Bolsonaro/Doria.

Hoje, nós professores do Nossa Classe Educação, estaremos presentes no ato por justiça a Marielle Franco, na luta contra a aprovação da reforma da previdência e seguiremos debatendo com cada colega nosso, que todas as manhãs se levantam para dar vida as escolas junto aos alunos, para que saibamos que a resposta para a tragédia na escola de Suzano é a mais decidida luta contra as medidas contra a população, a juventude e os trabalhadores.

Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters




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