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ELEIÇÃO 2018 | ENTENDA | À direita e polarizada: entenda como será a nova Câmara Federal

Partido do candidato da extrema-direita Jair Bolsonaro elegeu 52 deputados para a Câmara nessa eleição, ficando atrás apenas do PT com 56 deputados. Dentre os eleitos estão o filho de Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, seu afilhado, e Alexandre Frota. Entenda como está configurada essa nova Câmara.

segunda-feira 8 de outubro de 2018 | Edição do dia

O PSL (Partido Social Liberal), do candidato à presidência Jair Bolsonaro, elegeu a segunda bancada de deputados federais na Câmara, com 52 cadeiras ocupadas, ficando apenas atrás do PT, que elegeu 56, e expressando um forte crescimento da força da extrema-direita também no Congresso.

Em São Paulo, o partido elegeu o Eduardo Bolsonaro, filho do presidenciável com cerca de 1,7 milhões de votos. Junto com ele foram eleitos Joice Hasselman, Alexandre Frota e também o membro da família real Luiz Philippe de Orléans e Bragança. No Rio de Janeiro, Helio Fernando Barbosa Lopes, afilhado de Jair Bolsonaro, foi eleito com 344.852 votos, sendo o candidato mais votado do Estado para Deputado Federal, sendo mais um da família de Jair Bolsonaro a ser eleito. O PSL elegeu ao todo 12 deputados no estado do Rio de Janeiro, estado em que Bolsonaro foi deputado por 27 anos.

A votação histórica que a direita recebeu de centro a sul do país se contrastam fortemente com os resultado no nordeste, onde a balança pesou para a centro esquerda. Na Bahia, por exemplo, foram eleitos 8 dos 56 deputados federais do PT. Nos outros estados, o PT alcançou no total 13 cadeiras, sendo apenas o nordeste responsável por 21 das 56 cadeiras petistas.

No mapa das eleições presidenciais, o nordeste mostra uma enorme polarização pela qual o país está passando e que é parcialmente apresentada nas novas cadeiras. Enquanto em todos os estados o PT, junto de Ciro, compondo um campo de centro-esquerda, recuou em porcentagem de votos, no nordeste chegou a alcançar uma recomposição de 5 (CE) a 18 (PE) pontos percentuais.

Na configuração das cadeiras, o retrocesso petista está estampado. Ainda que tenham mantido a maioria, em comparação com 2014 são 13 cadeiras a menos (de 69 para 56). Esses números são fruto da desilusão criada pelos 13 anos de governo do PT, que lançou uma desconfiança sobre as massas ao fazer ataques, aliar-se com a direita e assumir os métodos de corrupção típicos do capitalismo, o que levou a que pavimentasse o caminho do golpe institucional.

O retrocesso do PT vem acompanhado de derretimento da totalidade dos partidos da ordem, uma clara demonstração da crise orgânica que atinge o país e que coloca em cheque as instituições e partidos que, aos olhos das massas, representam o que há de mais tradicional do poder no país. Quem mais perdeu cadeiras foi o PMDB, de Temer, que manteve 34 das 66 que tinha desde 2014. A situação de Marina e da REDE não é melhor. Ganharam uma cadeira na Câmara mas perderam 21% de votos, todos também numa rápida debandada para o PSL. A vergonha deles, entretanto, é muito menor do que a do PSDB, um dos pilares do regime de 88 foi abruptamente expulso pelo charlatanismo direitoso do PSL.

O PSDB, cujo candidato à presidência Alckmin viveu a maior derrota eleitoral da história do partido, comparável apenas aos 11,5% de Covas em 1989, ainda assim um pouco mais do que o dobro do que acumulou Alckmin com seus vergonhosos 4,7%. Na Câmara, a decadência também ganhou uma fotografia: caiu da 3ª para a 9ª bancada. É miserável a situação do PSDB, que perdeu em debandada todos os seus eleitores para a extrema direita e ficou ao relento contando nas mãos os votos que sobraram.

Com essas mudanças, a Câmara terá mais partidos representados (de 25 de 2014 para 30 a partir de 2019), uma aparente composição democrática que por trás esconde todo um processo eleitoral marcado pela tutela do judiciário, pela prisão arbitrária de Lula - que foi impedido de conceder entrevistas, enquanto líderes do tráfico são entrevistados pelos maiores jornais do mundo - e por uma apuração de urnas, no mínimo, suspeita.

Composição da Câmara Federal em 2014

fonte: TSE

Composição da Câmara Federal em 2018

fonte: TSE

Junto com PSL, legendas como DEM, PRB e PDT também cresceram em cadeiras. É uma nova e extrema direita muito expressiva; um novo centrão que até agora não se sabe muito bem como vai atuar e quais alianças vai criar; uma centro esquerda relativamente preservada; a entrada de 5 novas cadeiras do PSOL.

A configuração de polarização da política nacional coloca um enorme desafio de governabilidade para qualquer governo que assuma a partir de janeiro/2019. Bolsonaro, se eleito, será o presidente de um regime de profunda opressão, preparando ao lado de seu economista Paulo Guedes, reforma da previdência além de inumeráveis outros ataques para levar à miséria a classe operária; aprofundar a opressão e exploração que já hoje leva milhares de jovens negros ao assassinato pela mão da polícia, as mulheres negras a receberam 60% a menos que os homens brancos. Essa extrema direita precisa ser derrotada, uma derrota que para ser efetiva, deve se dar no terreno da luta de classes.

É preciso preparar uma forte organização da classe trabalhadora, das mulheres, dos negros, dos LGBTs, da juventude, contra o golpismo e de maneira independente do PT. Para essa organização, o Esquerda Diário se coloca a disposição, com todos os seus redatores e construtores, militantes do MRT, do Pão e Rosas, do Quilombo Vermelho, da Faísca e do Nossa Classe. Vem fazer parte disso com a gente.

Saiba mais: Fortalecimento da extrema direita e novo xadrez eleitoral: Bolsonaro e Haddad no 2º turno




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