×

André Barbieri São Paulo | @AcierAndy

terça-feira 13 de dezembro de 2016 | Edição do dia

Alguns expoentes da “classe política” nordestina, em particular da Paraíba, estão diretamente envolvidos nos próximos passos da crise nacional, para além do descaso com que trataram a maior crise hídrica da história dos paraibanos (sobre o qual deixamos este artigo de Shimenny Ludmila), em que produtores rurais negociam a prorrogação no pagamento das dívidas e operações de crédito.

Como expressa o Correio da Paraíba, Raimundo Lira (PMDB-PB) é um dos nomes mais cotados para substituir Renan Calheiros como presidente do Senado em fevereiro. O nome do senador Lira é lembrado há tempos ao cargo, mas por fidelidade ao peemedebista Eunício Oliveira, sempre declinou em favor do colega cearense.

Porém, o próprio Lira afirma “a não ser que ocorra algum impedimento com Eunício”, tendo em vista a delação da Odebrecht que revelou os serviços que o grupo do PMDB do Senado (Renan, Romero Jucá e Eunício Oliveira) prestava à empresa para a aprovação de medidas provisórias que beneficiavam seus interesses privados.
Nunca é demais lembrar que Lira, um dos políticos mais ricos do país, que foi líder da comissão de impeachment em agosto, é acusado de doar ilegalmente quase R$1 milhão à chapa em que era suplente no Senado, em 2010. É parte da casta política corrupta que aplicou o golpe institucional para endurecer os ataques que já vinham sendo feitos pelo PT.

Ministro do TSE, o paraibano Herman Benjamin, ganhou novo relevo como relator do processo que pede a impugnação da chapa ‘Dilma-Temer’, depois da delação da Odebrecht.

Benjamin disse que ficou impressionado com o que ouviu até agora de testemunhas de acusação no âmbito da ação que apura, entre outras coisas, se a chapa encabeçada por Dilma Rousseff em 2014 recebeu dinheiro desviado dos cofres da Petrobrás.

"Os valores são espantosos, às vezes, eu repetia a pergunta (nos depoimentos) pra saber se eu estava entendendo bem, pra saber se eram bilhões ou milhões. A dimensão é enorme. São valores estratosféricos. Nós, seres humanos normais, não temos condição de avaliar o que se pode comprar com aquilo", afirmou Benjamin a jornalistas, depois de se reunir com o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância. Os dois participaram do VI Encontro Nacional de Juízes Estaduais (Enaje), em Porto Seguro.

O assombro se refere não apenas à Petrobrás, mas também às supostas irregularidades na construção da usina hidrelétrica de Belo Monte e de Angra 3.
Em novembro o ministro paraibano iniciou uma campanha para expor a "banalidade espantosa da corrupção" nos casos de desvio de verbas da Petrobrás realizados durante o governo da chapa Dilma-Temer. Nesse momento, Temer começava a receber franca hostilidade de setores do empresariado em função da queda persistente dos indicadores econômicos e o atraso nas medidas de ajuste.

Benjamin, aliado ao juiz Sérgio Moro com quem tem boa relação, é peça chave para os próximos movimentos do TSE.

"Já vi casos graves de corrupção, mas nada nesse patamar de volume [...] Imaginávamos estar fundando o Estado de direito com a Constituição de 1988 e hoje vejo que em 1988 gestamos o Estado democrático de Direito. Estamos fundando o Estado de direito agora, com a crise política pela qual estamos vivendo e as investigações, punições e o fato de não haver uma única gota de sangue derramada", concluiu Benjamin.

Sob a alegação da existência de partidos de aluguel, Herman Benjamin é também defensor da reforma política, apresentada pelo presidente do TSE, Gilmar Mendes. Esta reforma intensificará a censura à esquerda que vimos nas eleições municipais, aumentando as dificuldades de representação da população e dos trabalhadores, e agraciando os políticos corruptos e empresários com mais privilégios políticos, uma vez que o rearranjo dos políticos corruptos nas siglas restantes não será empecilho para que continuem conspirando contra os trabalhadores e a população.

Enquanto a política do governo paraibano degrada mais de 100 fontes de água localizadas no Litoral Sul do Estado (a maioria delas está soterrada e outras tantas estão abandonadas e poluídas) em meio à crise hídrica, os “filhos de suas oligarquias” seguem o jogo do golpe institucional, com ou sem a certeza de que Temer concluirá o mandato.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias