×

DESEMPREGO | desemprego chegou a 8,1% da população

Flávia SilvaCampinas @FFerreiraFlavia

sábado 11 de julho de 2015 | 00:03

De acordo com pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o desemprego no Brasil no trimestre de março, abril e maio, subiu para 8,1%. É a maior taxa desde 2012, e superior ao mesmo período do ano passado, de 7%, e também maior do que a do trimestre anterior, de 7,4%.

A pesquisa realizada pelo governo é chamada PNAD, uma pesquisa de abrangência nacional diferentemente de outras, consegue captar o nível de desemprego da população em todos os estados do país e o Distrito Federal, e não somente o desemprego das regiões metropolitanas principais do país. Foram entrevistados mais 7000 pessoas em março, abril e maio deste ano.

O que se encontrou foi o nível de ocupação, desocupação e rendimento médio dos trabalhadores. A ocupação são as pessoas acima de 14 anos que exercem trabalho remunerado e a desocupação, são pessoas na força de trabalho (com 14 anos ou mais) que na semana da pesquisa estavam sem trabalho ou que em 30 dias haviam tomado alguma medida para encontrar emprego, ou seja, se o nível de desocupação aumenta, isso significa também que mais pessoas passaram a procurar emprego e não somente que o número de demissões cresceu.

Segundo a PNAD, havia 8,2 milhões de pessoas desocupadas no trimestre até maio. Esta estimativa era de 7,4 milhões no trimestre de dezembro a fevereiro (2015), apontando um aumento de 756 mil pessoas, ou seja, de 10,2%, que não estavam ocupadas e procuraram trabalho. Em um ano, o contingente de desocupados cresceu em 1,3 milhão, ou seja, 18,4%.

Aumenta o número de pessoas procurando emprego

A tendência observada no mercado de trabalho país, pelo que mostra a PNAD, é o aumento no número de pessoas que passaram a procurar emprego. Estas pessoas tentaram entrar no mercado de trabalho, porém, o número de empregos oferecidos não absorve todos estes trabalhadores.

São vários os motivos para a retração no mercado de trabalho, desde os efeitos da crise econômica mundial e do fim de ciclo de crescimento gerado pelo crédito e pelo aumento nos preços dos produtos primários (que são exportados pelo país) que geram um baixo crescimento com a queda na produção de riquezas (PIB) pelo país, o que por sua vez, diminui o consumo e a demanda e aumenta as demissões nos setores que mais empregam (principalmente os serviços – comércio e construção civil, além da indústria que passa por uma crise de reestruturação), e isto sem contarmos, os efeitos no nível de preços, com a inflação dos produtos básicos.

Além destes fatores, internamente, o cenário de deterioração das condições da economia se agrava ainda mais para os trabalhadores, com os efeitos do ajuste fiscal do governo Dilma. São cortes nos gastos sociais com educação, saúde e previdência, flexibilização das leis trabalhistas, redução e arrocho de salários, aumento de tarifas e taxas com um crescimento mês a mês do custo de vida da população.

Este é o cenário em que estão mais de 8 milhões de brasileiros sem emprego e este número vem crescendo pouco a pouco há vários meses, com o aumento das incertezas com o futuro da economia e política no país, mais pessoas buscam complementar a renda de sua família e buscar sustento diante das dificuldades que estão por vir.

Desemprego aumenta na construção civil e cai o emprego com e sem carteira assinada

Os dados também mostraram que o contingente de trabalhadores com carteira de trabalho reduziu em 708 mil, uma queda de 1,9% em relação ao trimestre anterior. Também caiu ( -303 mil trabalhadores) o número de trabalhadores sem carteira, estes últimos também passaram por uma queda rendimento médio (de R$ 1095,00 para R$ 1054,00). O que se configura é o cenário geral de queda no emprego (junto à queda na renda para o segmento do mercado de trabalho mais precário – sem carteira e com menores médias salariais, ou seja, quem ganha pouco, passa a ganhar menos ainda), o que agrava ainda mais a situação para os trabalhadores, pois as pessoas desempregadas não encontram trabalho nem no setor formal, nem no informal.

Assim, muitos trabalhadores buscam o emprego autônomo, com o surgimento de pequenos negócios, muitas vezes tão precários e instáveis, com baixa renda e sem direitos, quanto um emprego comum, em um ano, houve crescimento de 1 milhão no número de trabalhadores por conta própria, porém estes, apresentaram queda na renda de 3,5%.

O setor da construção tem sido um dos mais afetados pela crise neste ano, são 404 mil trabalhadores demitidos no setor no trimestre até maio em todo o país, um aumento de 5,2%.

Na contramão desta tendência geral de redução do ritmo de contratações no mercado de trabalho brasileiro, está o emprego nas atividades de “informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas” (por exemplo, telemarketing, contabilidade, entre outras), um crescimento de 2% no emprego com mais 250 mil trabalhadores empregados.

Queda no rendimento dos trabalhadores do setor público

Segundo a pesquisa, os empregados no setor público (inclusive servidor estatutário e militar), frente ao trimestre de dezembro a fevereiro de 2015, apresentaram recuo de 2,2% em seus rendimentos reais. Esta queda pode ser atribuída a política de ajuste fiscal (de cortes de gastos públicos para o pagamento dos juros da dívida pública para os bancos e para o FMI) que está cortando e reduzindo o nível de salários do funcionalismo público a nível federal, estadual e municipal.

Um exemplo recente, está na cidade de Americana em SP, onde a prefeitura, ameaçou a demissão de 563 funcionários públicos quebrando a estabilidade garantida em lei, e hoje, após greve da categoria, quer impor o arrocho no funcionalismo usando a lei de responsabilidade fiscal, veja aqui.

O mesmo, ocorre com os professores da rede estadual paulista (que enfrentaram uma dura greve de mais de 90 dias – veja balanço da greve aqui - que não tiveram qualquer reajuste salarial oferecido pelo governo Alckmin, ou seja, no governo do estado também de aplicou a política do reajuste zero ( ou o reajuste abaixo da taxa de aumento nos preços, o que é diretamente é a desvalorização dos salários) com a justificativa de ajuste e cortes de gastos.

As perspectivas para a economia brasileira, se mantém num quadro de deterioração, que é agravado pela crise política do governo do PT e as investigações da Lava-Jato, além do cenário de instabilidade na economia mundial, seja na Grécia na Zona do Euro ou na China (com a queda nas bolsas e a desaceleração do PIB do país que é o maior parceiro comercial do Brasil).

As previsões do FMI [ veja aqui ] de hoje, reforçam esta perspectiva, com a previsão de queda no PIB neste ano em 1,5%, porém os FMI e Dilma apostam nos ajustes para a retomada do crescimento, porém esta é a visão otimista do ponto de vista dos lucros do empresários, do lado dos trabalhadores, o que se desenvolve com o conjunto de ataques dos governo e dos capitalistas, é o avanço da precarização da vida dos trabalhadores, como vimos, menos emprego formal, queda na renda, carestia e cortes nos direitos sociais – educação e saúde pública e no direito à aposentadoria.

Seja no setor privado ou público, são os trabalhadores que pagam a conta da crise que governo e patrões tentam empurrar no seu colo. A única saída é a mobilização independente dos trabalhadores e da juventude pelo direito ao emprego e as condições dignas de vida, que o custo do ajuste caia sobre a renda dos ricos e nos lucros dos empresários.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias