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ELEIÇÕES 2018 - JOÃO DORIA | 7 argumentos contra o tucano João Doria, o "gestor" que odeia os trabalhadores

Marcello Pablito Trabalhador da USP e membro da Secretaria de Negras, Negros e Combate ao Racismo do Sintusp.

quarta-feira 29 de agosto de 2018 | Edição do dia

João Doria, ex-prefeito da cidade de São Paulo e candidato à governador do Estado de São Paulo, governou a prefeitura da capital paulista por 1 ano e 3 meses. Em apenas 2 anos, ele mostrou à serviço do que e de quem está seu projeto de governo. Com uma lista extensa de polêmicas e alianças com os empresários, ataques aos trabalhadores, jovens e ao povo pobre, Doria agora quer expandir para o Estado todo. Veja abaixo as políticas que Doria encabeçou na cidade de São Paulo, que foi o verdadeiro laboratório para seu programa político de governador.

João Doria foi prefeito da cidade de São Paulo por apenas 1 ano e 3 meses. O tucano, que durante sua campanha política afirmou dezenas de vezes não ser “político e sim um gestor”, honrou a palavra aos empresários, fazendo uma gestão de ataques de todas as vias e formas contra os trabalhadores e população de São Paulo. Agora, concorre ao cargo de governador, para aprofundar e ampliar ainda mais a escala de ataques que testou na capital.

Franco apoiador do golpe institucional, da prisão arbitrária de Lula e do veto autoritário do judiciário para que Lula não seja candidato, Doria representa a continuidade das políticas golpistas de Temer a nível estadual, como se viu com a tentativa de aplicar a reforma da previdência municipal em SP, que os servidores em greve conseguiram derrotar. Milionário empresário, está a favor da reforma trabalhista e que os capitalistas tenham caminho livre para diminuir salários e demitir, como se vê na entrevista abaixo.

É contrário ao direito ao aborto para as mulheres, defendendo o obscurantismo da Igreja. Como não podia deixar de ser, apoia o pagamento da fraudulenta dívida pública que rouba o país e deixa 25 milhões de pessoas sem emprego.

Veja abaixo os motivos para não votar em João Doria:

1) Herdeiro das capitanias hereditárias: racista e higienista desde o berço

Apesar de exaltar o semblante de “João Trabalhador”, sua família enriqueceu às custas do sangue negro e da exploração do trabalho de muitos. Os Costa Doria são uma família brasileira do período colonial, cujos membros foram senhores de engenhos, militares, políticos, senhores de escravos e intelectuais. Durante sua campanha para a prefeitura de São Paulo, João Doria se dedicou em explicar as suas “origens humildes e como desde cedo teve de trabalhar para sustentar a família”, o que é a mais absoluta mentira.

É do berço de ouro onde nasceu, que Doria acusou os moradores do prédio que desabou dia primeiro de maio deste ano de “criminosos”. O tucano lobista, afirmou que realizou diversas tentativas através da prefeitura de São Paulo de desocupar e abrigar as pessoas do prédio. Entretanto, essas tentativas que também foram feitas em outras regiões da cidade, não visam em nenhum momento o bem estar da população que sofre com falta de moradia digna, na realidade, João Doria queria limpar o centro de São Paulo para atrair os empresários das grandes construtoras e aumentar a especulação imobiliária.

Caluniando as famílias desabrigadas desse prédio, chamando-as de criminosas por lutarem pelo direito fundamental à moradia, Doria também já ocupou terras: em 2016 foi ordenado pela justiça que devolvesse a área pública ocupada por ele na cidade de Campos do Jordão, no interior de São Paulo.

2) o Demolidor: ataques à população em situação de rua diretamente do alto de sua mansão

João Doria levou a frente uma política completamente higienista frente ao profundo problema que a capital de São Paulo enfrenta com as pessoas em situação de rua: na manhã do dia 21 de maio de 2017, entrou com a polícia na região da cracolândia e demoliu prédios com famílias dentro. A repercussão dessa barbárie foi gigantesca, gerando revolta entre muitos setores.

Enquanto desabriga famílias, fomentando a especulação imobiliária nas regiões centrais de São Paulo, e acusa, como dito anteriormente, as famílias que moram em ocupações de “criminosas”, João Doria mora em uma das 10 maiores mansões do Brasil, em um dos bairros mais nobres de São Paulo.

Como se não bastasse esta terrível política contra a população pobre, atacando suas casas e demolindo-as com as famílias dentro, Doria também implementou ataques brutais contra a população em situação de rua em São Paulo: não bastando o sofirmento sazonal que acomete as pessoas em situação de rua, Doria ordenou que jogassem jatos de água fria contra pessoas em situação de rua na noite mais fria da capital paulista em agosto de 2017. Só na capital paulista, estima-se que estejam entre 20 mil e 25 mil o número de desabrigados, enquanto Doria mora em uma mansão de 7.031 m².

3) Para empresários coquetel luxuoso, para os pobres ração

Talvez, um dos mais notórios episódios de Doria na sua passagem pela prefeitura de São Paulo tenha sido a proposta de implementar a uma alimentação pitoresca para a população pobre e até mesmo para as crianças nas merendas escolas: a Farinatta, foi uma tentativa de projeto de Doria, que consistia na distribuição de uma ração feita dos restos das indústrias de alimentos.

A farinatta é distribuída somente em situações de guerra, por ser um subproduto dos restos das indústrias farmacêuticas. Não há valor nutritivo e se quer é considerado alimento pelos nutricionistas. A ração de Doria, foi mais uma das formas que o ex-prefeito encontrou de estar 100% alinhado com seus verdadeiros aliados, os empresários, em nome da destruição e miséria da população.

Enquanto a população perece e tem que se alimentar com “lixo das indústrias”, Doria oferece para seus companheiros empresários coquetéis luxuosos, como ocorreu na Gávea no Rio de Janeiro, garantindo que em seu governo o espaço da patronal estará sempre à salvo.

O Esquerda Diário protagonizou a cobertura desta verdadeira barbárie, elaborando todas as formas de denúncias dessa tentativa higienista de oferecer à população em situação de rua e também às crianças nas escolas o lixo industrial que os aliados de Doria não queriam perder. Até mesmo o Secretário de Doria não pode disfarçar o nojo diante do que sequer pode ser chamado de alimento ao prová-lo.

A prática de sucatear escolas e até mesmo a merenda dos alunos, que nas regiões periféricas muitas vezes tem na merenda escolar sua única refeição diária é uma prática típica dos tucanos: em 2016, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) protagonizou o escândalo das merendas, onde o tucano foi investigado por denúncias de fraude nas licitações de itens da merenda servida nas escolas da rede estadual.

4) Educação: uma gestão contra professor e contra os alunos

Se não bastasse o episódios da “ração como merenda” que Doria tentou implementar, os professores não passariam impunes da fúria do comparça da patronal: em 2016, João Doria tentou implementar na cidade de São Paulo uma brutal reforma da previdência contra os servidores. A reforma, ainda mais cruel que a de Temer, foi um ataque contra o conjunto dos servidores, para usar São Paulo como laboratório para os planos mais nefastos da burguesia de atacar o direito legítimo à aposentadoria digna.

Mesmo com a aprovação da Reforma Trabalhista, que sucateou os postos de trabalho, Doria tentou ir por mais: o projeto SAMPAPREV, era um novo regime de aposentadoria para os servidores municipais que seria gerido pelo setor privado. Essa mudança que Doria tentou implementar aumentaria o valor da contribuição que poderia chegar a 19%, equivalente a 35 dias por ano de trabalho só para o novo regime de aposentadoria.

Porém, em seu caminho de ataques Doria não contou com a força dos professores municipais, que declararam greve e mais e 93% das escolas paralisaram. Com a força dos professores colocada nas ruas, e amplo apoio popular, Doria foi obrigado a adiar a votação do SAMPAPREV.

O SAMPAPREV significou para a trajetória de Doria na vida política uma tentativa de mostrar para a burguesia que era possível implementar uma reforma ainda mais cruel que a de Temer. Para governador, os projetos de Doria partem da mesma base que tentou aplicar na cidade de São Paulo, com uma lista extensa de ataques e privatizações.

5) Desmonte da Saúde Pública: fechamento de AMAs e parceria com os empresários gigantes da Saúde paulistana

Não é nenhuma novidade que a política de Doria tem compromisso firmado e indissolúvel com a burguesia. Durante sua gestão, pautada principalmente nas parcerias com empresários e privatizações, o ex-prefeito não fez diferente no que tange à saúde pública.

Em março deste ano, antes de deixar o cargo de prefeito para concorrer à governador, João DOria anunciou o fechamento de 108 Assistência Médica Ambulatorial (AMAs), para que fossem absorvidas por UBSs. As AMAs realizam pronto atendimento para casos de baixa complexidade, já as UBSs são centros médicos com consultas agendadas. Essa política de Doria atacou diretamente as redes de atendimento de maior importância para a população mais vulnerável, pobre e periférica.

Além disso, Doria fechou parcerias com os empresários do ramo da saúde que só tinham o objetivo claro de agradar seus aliados, protegendo o lucro das indústrias: em novembro de 2017, laboratórios farmacêuticos doaram 165 tipos de medicamentos, e pelo menos metade venceria em menos de um ano, o que significa que era proibido por lei de serem comercializados pelos seus fabricantes. O volume de descarte dos remédios doados chegasse a um terço do total, sendo cinco vezes maior do que o descarte de medicamentos de 2016. As empresas saíram felizes de muitas formas: primeiro, por evitar gastos com descarte correto de medicamentos, que exigem uma série de precauções e procedimentos especiais e ganharam isenção fiscal por causa das doações. A estimativa é que tenham sido gastos R$ 60 mil do orçamento público nesse descarte.

Outro momento em que Doria reafirmou seu compromisso com a garantia do lucro dos empresários foi o programa Corujão da Saúde. Doria utiliza do programa como uma verdadeira tática de marketing eleitoral, entretanto, há muitas questões por trás da “mágica dos exames” do ex-prefeito que ele não divulga. Dados divulgados pelo El País mostra que primeiramente a informação que a fila de exames foi zerada é falsa: são apenas 50 exames de seis tipos realizados pelo corujão da saúde, deixando de lado outros 112 exames, e a fila de espera ainda é de 200.000.

Outro ponto é que, Doria repassou milhões do dinheiro público para hospitais e laboratórios privados, entre eles Albert Einstein e Sírio Libanês. Sob o slogan de que “pobres agora entram em hospitais de ricos”, Doria vende mais uma informação falsa: os quatro maiores hospitais privados citados por Doria nas suas propagandas sobre o Corujão da saúde realizaram juntos somente 4,9% dos exames.

Apenas 21% dos exames foram realizados nas instituições privadas, os demais foram realizados na rede pública. A mesma rede pública que Doria atacou, fechou e precarizou na sua gestão em nome de seus aliados empresários da saúde.

6) Cultura: a destruição do maior mural de grafite da América Latina e o ataque à arte urbana

São Paulo abrigou, até a gestão de Doria, o maior mural de grafite da América Latina: a avenida 23 de maio condensava em toda sua extensão grafites de diversos artistas não só brasileiros. Na época, Doria anunciou que manteria apenas 8 painéis do Eduardo Kobra, alegando que os demais estavam velhos. Por cima, Doria construiu um jardim vertical, que possui uma manutenção caríssima, para impedir que os grafites voltassem à serem feitos no muro.

Diana Assunção, candidata à deputada federal do MRT em filiação democrática ao PSOL, declarou em vídeo viral na época: “O prefeito menospreza a arte de rua e considera artistas criminosos. Nesta sexta-feira 28 pichadores e grafiteiros foram presos e indiciados por vandalismo. Doria quer ’embelezar’ a cidade com medidas higienistas como apagar os grafites da cidade, a remoção de diversos moradores de rua de seus espaços e a instalação de uma tela para escondê-los da sociedade."

Doria também atacou os skatistas que promoveram uma “skateada”, em comemoração ao Dia do Skate, rua Augusta no centro de SP, que foi encerrada quando um carro invadiu a rua na contramão atropelando pessoas. Os vídeos que circularam na internet, mostraram uma atitude odiosa por parte do motorista, que acertou diversos participantes. Em resposta à esse absurdo, Doria alegou que os skatistas teriam desobedecido regras e aplicou uma multa de R$20 mil aos organizadores do evento.

7) Privatizar parques, cemitérios, presídios e tudo o que for possível para agradar empresários

Entre tanto escândalos e políticas higienistas, de ataque à saúde, arte, educação e ao povo pobre, Doria levou como carro-chefe de sua campanha para a prefeitura e leva novamente para o governo de SP a privatização. Sua política privatista nunca foi segredo: durante sua breve passagem pela prefeitura, além de manter intacto e defender o lucro dos empresários, Doria declarou que iria privatizar diversos lugares, como parques e até cemitérios.

A concessão do Parque do Ibirapuera foi uma das primeiras propostas de Doria: a população da periferia paulistana já carece de espaços de lazer, e os poucos que possui, ainda que estejam nas áreas nobres da cidade, foram alvo de tentativa de privatização de Doria. Além disso, Doria também tentou avançar sobre o Anhembi, Pacaembu e o Sambodromo.

Recentemente, Doria declarou que a “cereja do bolo” de sua campanha para governador do Estado de São Paulo será privatizar presídios. O estado de São Paulo tem uma população carcerária de 227 mil, alocados em situações insalubres em 170 unidades prisionais. Doria vê na população carcerária uma imensa fonte de renda para seu governo: o ex-prefeito mira um projeto de parcerias público-privadas, como já acontece em Ribeirão das Neves (Minas Gerais).

Doria quer transformar em negócio os milhares de presos, grande parte ainda aguardando julgamento. É claro que essas massas carcerárias não são os capitalistas que lucram milhões com o tráfico, mas os que estão na ponta de baixo, submetidos à barbárie do tráfico pelo desemprego e pela miséria (isso quando não são crimes forjados pela polícia, como no caso emblemático de Rafael Braga). Doria e seu projeto de governo se apoiarão no que há de miserável no sistema capitalista para lucrar, além do que já lucram sobre a vida dos trabalhadores, também sobre o encarceramento do povo pobre.

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Para derrotar este golpista de mão cheia, o PT não é nenhuma alternativa, já que iniciou os ataques aos trabalhadores em 2015, assimilou os hábitos de corrupção tradicionais do capitalismo e quer governar novamente com banqueiros e golpistas. Precisamos construir uma força anticapitalista dos trabalhadores que lute contra estas eleições manipuladas pelo judiciário, defenda o não pagamento da dívida pública e a legalização do aborto para as mulheres não morrerem por abortos clandestinos.




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