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A campanha salarial 2015 dos Correios está em curso e os trabalhadores e trabalhadoras tem muitos motivos para fazer uma organização forte e pela base e travar importantes batalhas.

quinta-feira 3 de setembro de 2015 | 02:56

A campanha salarial 2015 dos Correios está em curso e os trabalhadores e trabalhadoras tem muitos motivos para fazer uma organização forte e pela base e travar importantes batalhas.

Agora é concreto o ataque ao plano de saúde, que já combatemos inclusive com greve, mas que muitos trabalhadores não tinham ainda clareza do tamanho da bomba que estava por vir, com mensalidades e cobranças absurdas para um atendimento médico que sequer é de qualidade.

Poucos estão esperançosos que uma boa proposta econômica possa vir da empresa, uma vez que as diretorias só sabem falar em prejuízos e metas, e se calam sobre os gastos absurdos e questionáveis que vem fazendo. O Esquerda Diário já denunciou os gastos da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) sobre os rendimentos financeiros e os privilégios de diretores regionais, gestores, presidente e demais burocratas aqui.

Dada essa situação, é preciso que os ecetistas tenham em mente que apenas as suas próprias forças podem derrotar a empresa e impor de fato as nossas reivindicações. Por isso, fazemos um chamado nacional de organização da luta e destacamos 5 pontos para que ela seja vitoriosa:

1. Crise política e econômica: ser parte de uma terceira via

Numa conjuntura de crise política e econômica no país, onde governo e oposição parecem se digladiar, mas quem recebe ataques são sempre os trabalhadores, não podemos esperar que as coisas caminhem como sempre. Temos que tomar a frente, nos organizando em cada local de trabalho e nos unificando com trabalhadores de diferentes categorias para lutar por nossas demandas.

Os ataques como as MPs 664, 665, 680, PPE, PL4330, etc., demissões em massa, desemprego, nada disso pode ficar de fora da reflexão da categoria ecetista, pois é nesse contexto que a ECT e as nossas condições de vida estão inseridos. Nem o PT que se elegeu dizendo que o PSDB atacaria a classe trabalhadora e que hoje implementa ele mesmo esses ataques, nem a oposição de direita (PSDB, PMDB, PP, PSB e outros) que tentam capitalizar o descontentamento popular com discursos abstratos de fim da corrupção podem ser alternativas de luta. É necessário que a classe trabalhadora tome em suas mãos os rumos da sociedade e que a crise seja paga pelos empresários e seus aliados no governo. Nesse processo os sindicatos dirigidos pela esquerda antigovernista da Conlutas e Intersindical tem papel fundamental, pra se opor a burocracia, e junto com os trabalhadores e buscando companheiros de outras categorias, organizar um polo que levante nossas demandas: contra os ajustes, por serviços públicos de qualidade, por emprego, por salário, e pelos direitos das mulheres, da juventude e do povo negro e pobre, do qual somos parte!

O ato do dia 18 de setembro, chamado pela CSP-Conlutas e pelo Espaço Unidade de Ação pode ser um primeiro passo. Temos que estar presentes!

2. Democracia se faz pela base, em cada unidade de trabalho.

A luta dos ecetistas não pode ficar nãos mãos da burocracia sindical. Hoje a FENTECT e a FINDECT, as duas federações que representam a categoria de forma dividida, estão nas mãos de um setor que defende o governo a qualquer custo e aceita qualquer negócio com a empresa, muitas vezes traindo as lutas e distorcendo inclusive resultados de assembleia. Não podemos confiar neles. E a luta também não pode ser construída sempre pelos mesmos, uma minoria ligada aos sindicatos, ou somente os mais ativos que sempre vão nas assembleias. Somente se a maioria dos trabalhadores discutir, se convencer da importância e for parte ativa a luta poderá ser forte. Pra isso é necessário a articulação da luta por meio de comandos de mobilização dos próprios trabalhadores com representantes eleitos por unidade, revogáveis e que seja aberto à participação de todos. Assim em cada CDD, CEE, CTE, CTC, agência, etc, os trabalhadores precisam discutir a situação, e pensar que forma podem se organizar e assim se expressarem no comando. Dessa forma a luta não fica restrita aos sindicatos, e pode inclusive passar por cima no caso dos sindicatos que só servem pra nos frear, e será uma fortaleza para aqueles que realmente queiram construir a luta.


3. Acabar com a privatização e a terceirização: contratação de efetivos e efetivação dos temporários.

As péssimas condições de trabalho podem ser vistas em diversos aspectos: falta de segurança do trabalho, materiais e uniformes, precarização da saúde, etc, mas nada é mais emblemático do que a sobrecarga de trabalho e a necessidade evidente de contratação. Por isso a demanda para que o concurso anunciado pelos Correios seja para efetivos e com as mesmas condições de salário e benefícios, sem dividir a categoria, além de que sejam contratados de acordo com a real demanda, é central nessa campanha! Mas a empresa já anunciou por meio de seu presidente, Wagner Pinheiro, que também pretende abrir concurso para temporários, o que seria a regulamentação da superexploração e a naturalização da precarização do trabalhador, que já existe para os MOTs. Por isso também é importante lutar pela contratação dos que aguardam do último concurso, pela efetivação dos terceirizados que já exercem a função porém sem condições, e ainda novas contratações efetivas. Temos que lutar por uma categoria unificada e não aceitar trabalho igual com salário diferente bem ao nosso lado. Além do que, a empresa tem que saber que “o crime não compensa”, terceirizar não vai compensar se nós exigirmos que os trabalhadores que trabalham conosco sejam tratados como iguais, se não aceitarmos que nos dividam e que sejam superexplorados, se exigirmos que recebam as mesmas condições que nós, e que inclusive possam lutar junto, coisa que hoje não podem.


4 – Garantir nossas condições de trabalho e de vida: defender nossos direitos e salários.

Obviamente que o Correios Saúde já não era o ideal, na verdade a saúde pública deveria ser de qualidade e acessível a toda a população. Mas frente ao caos que é a saúde em nosso país, o benefício do convênio significa muito pra nós e nossas famílias. Quando foi criado o Postal Saúde já estava clara a intenção de precarizar, por isso inclusive tivemos uma greve de 43 dias, mas com pouca construção na base, e com a burocracia jogando contra, aquela greve foi derrotada. Logo que se efetivou o novo plano já sentimos a queda de qualidade e de locais para atendimento. Agora a empresa anuncia desconto no salário, mais compartilhamento, e custos extras para a família e ainda exclui os nossos pais. Não podemos deixar! Assim como não podemos deixar que a inflação corroa nossos salários e tickets, é preciso lutar em defesa do convênio e pelo aumento do salário, sem rebaixar nossas pautas!


5. Abaixo a falácia de que está no vermelho. Abrir as contas da ECT e dar um fim aos privilégios da minoria.

Por último, destacamos que, para levar até o fim a luta dos ecetistas será necessário denunciar e derrubar os privilégios dos burocratas da empresa. Como temos visto nos jornais de todo o país, o Brasil passa por uma crise que na verdade está sendo paga pelos trabalhadores apenas. As demissões, os cortes de direitos, o congelamento salarial, o desemprego, afetam somente a classe trabalhadora e deixam intocadas as elites e os funcionários de alto escalão das empresas e do governo. Como foi o recente aumento de 41% no salário dos servidores do Ministério Público da União e do Conselho Nacional do Ministério Público,que vão passar a receber mais de 30 mil reais por mês, para ficar em um só exemplo. Do mesmo modo, na ECT também um setor de parasitas recebe fortunas, entre salários, gratificações, PLR, enquanto que a maioria carrega a empresa nas costas com salários miseráveis. É muito fácil dizer que não tem dinheiro para oferecer condições decentes de trabalho e de vida para nós, enquanto vivem no luxo. Além disso, já mencionamos os gastos absolutamente inexplicáveis, com mudança de logomarca, patrocínio a grandes eventos, etc, enquanto alegam não ter nada para os trabalhadores. É preciso abrir as contas da ECT e mostrar pra onde vai cada centavo, e discutirmos juntos, os trabalhadores e a população, quais são as reais prioridades.




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