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ELEIÇÕES FRANÇA | 4 candidatos com a possibilidade de ganhar, e reina a incerteza nas eleições francesas

A menos de uma semana das eleições, ninguém arriscaria apostar em um claro ganhador. Quatro candidatos têm fortes possibilidades de ganhar em 23 de abril e passar para o segundo turno.

quarta-feira 19 de abril de 2017 | Edição do dia

Se há algo que caracterize as eleições presidenciais na França, é a dúvida. Ninguém se anima a arriscar um claro ganhador. É desta maneira que a campanha eleitoral francesa entra em sua última semana com quatro dos onze candidatos tendo possibilidade de vencer o primeiro turno, que será no domingo dia 23 de abril, mas nenhum dos quatro é um claro favorito.

Nos últimos meses de 2016 é que apareciam varias questões que iriam explicar esta “raridade francesa”. Primeiramente, o próprio presidente François Hollande decidia não se apresentar às eleições, sabendo seguramente do desastroso desempenho eleitoral que realizaria, sendo o presidente mais impopular em 70 anos. E como parte da crise do Partido Socialista, seu candidato Benoit Hamon sequer é apoiado pelo próprio partido.

Por outro lado, estão os escândalos de corrupção que envolveram (e ainda envolvem) Marine Le Pen e François Fillon, que levou um setor dos republicanos a exigir que abrissem mão da candidatura.

A isto, soma-se que o liberal Emmanuel Macron, filho mimado de Hollande durante seus anos como Ministro de Finanças, deu as costas ao Partido Socialista conformando seu próprio espaço “Em Marcha”, o que lhe valeu o apelido de traidor nas fileiras do PS.

E, finalmente, tem Jean-Luc Mèlenchon, que silenciosamente subiu posições até virar terceiro em intenções de voto, somente 2 pontos percentuais de diferencia com Le Pen e Macron.

As últimas pesquisas mostram uma situação inédita na qual os quatro se situam dentro da margem de erro: Emmanuel Macron e a ultra direitista Marine Le Pen, empatados com 22% das intenções; Jean-Luc Mèlenchon, com 20%, e o conservador Francois Fillon, com 19%. O socialista Benoite Hamon fica fora da foto final, com um índice de 7,5%, atravessado pela fuga de votos do espaço de centro-esquerda para Mèlenchon e Macron.

Por isto, a seis dias do primeiro turno, a campanha centro o foco nos indecisos, tentando reduzir a abstenção em um momento no qual somente 66% dos franceses tem clareza de quem irão votar.

Neste sentido, Le Pen deixou clara sua bandeira no comício no fim de semana para seus seguidores: “Convencer um indeciso ou levar pela mão um abstencionista” para conseguir chegar claramente na frente no próximo domingo.

Segundo Le Journal Du Dimanche, a dinâmica à favor da Frente Nacional se alimenta principalmente da população masculina, jovens de menos de 35 anos e um setor de trabalhadores, assim como cerca de 60% dos que os apoiam o fazem mais por rechaço aos outros partidos do que por adesão às suas ideias.

Neste último setor de eleitores, a líder de extrema direita tem recorrido a um de seus temas prediletos, a imigração, com críticas a rivais como Mèlenchon por querer “fazer todo mundo entrar na França”.

Mesmo assim, Le Pena inda tem que resolver vários problemas, já que nesta segunda ficou conhecido o fato de que os legisladores da União Européia poderiam convocá-la antes do segundo turno para tratar sobre a retirada de sua imunidade parlamentar relacionada ao suposto uso indevido de dinheiro comunitário, o que seria um duro revés no meio de uma eleição das mais disputadas e imprevisíveis da V República.

Mèlenchon mostrou-se confiante no Le Parisiene: “Quando me apresento a uma eleição é para ganhá-la”, disse o candidato cujo auge dos últimos dias provocou as primeiras especulações sobre um segundo turno no 7 de maio entre ele e Le Pen.
O represente da France Insoumise (“França Insubmissa” no francés) tenta freiar os medos agitados contra si por sua proposta de instaurar “uma política de co-desenvolvimento com a América Latina e o Caribe” unindo-se à ALBA (Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América), e sobre isto afirmou “Queremos um projeto de cooperação, e não militar ou comercial”, durante um comício multitudinário em Toulouse neste domingo.

A possibilidade, muito improvável, de uma decisão final entre Le Pen e Mèlenchon gerou preocupações entre alguns investidores ainda preocupados pelo brexit. Tanto Le Pen como o líder da FI propõe celebrar um referendo sobre o pertencimento francês à União Européia se fracassarem suas tentativas de reformar o bloco.
Por sua vez, o direitista Fillon, apesar dos escândalos de corrupção que quase lhe deixam fora da competição, se mostrou confiante. “Sei que estarei no segundo turno”, disse Fillon este domingo em uma entrevista no semanário Le Journaul du Dimanche, aonde crê que sua acusação por falsificação e apropriação indevida de recursos públicos não minara sua “autoridade moral” para exercer a chefia do Estado.

Domingo saberemos o resultado da eleição mais concorrida da história democrática da França, o que expressa a crise em que estão mergulhados os partidos tradicionais deste país, os republicanos e o partido socialista. O jogo eleitoral hoje inclui uma organização com a de Macron, que tem poucos meses de vida e pela primeira vez se apresenta às eleições, a extrema direita da FN e a França Insubmissa de Mèlenchon, externos ao jogo de poder da V República entre republicanismo e socialismo.




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