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CORONAVÍRUS NO CHILE | 342 casos de Covid-19 no Chile: Mañalich e Piñera sem novas medidas de contenção, insistem que a solução é militar

Em uma conferência de imprensa no dia 18 de março, o ministro da saúde do Chile, Jaime Mañalich, falou sobre os 342 casos de COVID-19 no país. Em entrevista, Sebastián Piñera pediu unidade e se colocou contra as "divisões" para enfrentar o coronavírus. Não existe unidade com os responsáveis ​​pela crise da saúde pública e com o governo que prioriza os lucros das empresas em detrimento da saúde da maioria trabalhadora!

quinta-feira 19 de março de 2020 | Edição do dia

Publicamos em português artigo originalmente em espanhol, escrito pelo La Izquierda Diario Chile, que faz parte da mesma rede internacional de diários digitais que o Esquerda Diário.

No dia 17 de março, às 21:00, 342 casos foram diagnosticados com Covid-19 no Chile. 132 novos casos mencionados pelo odiado ministro da saúde do Chile, Jaime Mañalich, em uma coletiva de imprensa no dia 18 de março. "O número de casos testados está multiplicando por dois a cada 3 dias. Isso havia sido antecipado", afirmou. São 19 hospitalizados, dando uma taxa de 5% que estão em tratamento, o que diz que não é suficiente.

No entanto, nada diz sobre as reivindicações de trabalhadores de diferentes setores, como do Hospital Barros Luco, que não têm os suprimentos necessários, como máscaras e luvas, para atender os pacientes, assim como proteger sua saúde.

Não sinalizou também nenhuma medida adicional além daquelas que Piñera indicou para enfrentar a fase 4 do contágio. O ex-gerente da Clínica Las Condes não propôs nenhuma nova medida para lidar com o contágio, que deve atingir níveis mais críticos no final de abril.

O que teve mais peso foi a informação sobre o papel que os militares desempenharão contra o vírus atual. O ministro da defesa do Chile, Alberto Espina, falou da "contribuição direta" das Forças Armadas para enfrentar o coronavírus, tendo em vista questões sobre o papel que elas terão no estado de catástrofe. Ele disse que as ações concretas seriam: colaboração para a proteção das fronteiras; transferência de pacientes críticos (que não ocorrem hoje); construção de hospitais modulares, entre outras.

Mas os militares são realmente necessários? Proteger a infraestrutura, porém existem hordas atacando-as? Não deveriam ser construídas dezenas de hospitais para resolver o problema real de infraestrutura? Se impostos de 20% forem impostos às fortunas das dez grandes famílias que controlam o país, 10 hospitais poderão ser construídos. A transferência de pacientes não poderia ser feita por trabalhadores de companhias aéreas, por exemplo?

Em entrevista à mídia, no dia 17 de março, Piñera disse que o governo está preparado para um cenário de 100 mil pacientes, com os 40 mil leitos divididos entre o sistema público e privado e os novos 7 mil leitos que prometeu na televisão. Mas não disse que a crise no sistema de saúde é profunda e que grande parte desses leitos já estão ocupados por pacientes, além do fato de que a maioria dos pacientes com coronavírus precisam ficar longos dias em leitos. Por outro lado, os "leitos críticos", nas palavras da Faculdade de Medicina, não são muito mais que mil e, de acordo com vários números, agora estão ocupados de 90% a 95%, e o próprio Piñera destacou que no pior cenário possível são esperados 4 mil pacientes infectados pelo coronavírus que precisarão de aparelhos de respiração artificial. Sem mencionar que o inverno está chegando e as doenças respiratórias aumentarão.

O principal problema que temos é a falta de possibilidade de acessar o sistema público de saúde, com grandes listas de espera. Não há garantia de acesso a saúde em tempo adequado.

Mesmo no cenário proposto pelo governo chileno (e é sabido que o COVID-19 geralmente supera os piores cenários possíveis), os números não batem. O governo está promovendo uma política mesquinha, incapaz de se encarregar da crise da saúde pública, mesmo que isso signifique arriscar a vida de milhares de pessoas.

É preciso levantar um profundo programa de emergência, começando pela nacionalização de todo o sistema de saúde, clínicas e farmácias, e redirecionando​​ para financiar a batalha contra o vírus todos os fundos que estão sendo desviados para o setor privado.

É necessário atacar os lucros das empresas: com um imposto de 20% sobre a fortuna dos dez super ricos do país, mais de 40 hospitais poderiam ser construídos.

Essa crise escancara a necessidade de que desde a classe trabalhadora lutemos pela reorganização do conjuntos de toda a capacidade produtiva do país para enfrentar a crise sanitária, convertendo todo produção de bens e serviços possíveis para esse fim, para cuidar da saúde e vida da população. Isso tem como objetivo utilizar a capacidade máxima do país, algo que só pode ser feito se imposto pelos trabalhadores, implementando medidas como a expropriação de clínicas e laboratórios privados e impostos sobre grandes fortunas, com todos os estabelecimentos onde seja possível convertê-los para esse fim estando sob controle dos trabalhadores.

O apelo hipócrita à unidade

Piñera enfatizou o apelo à unidade. Desesperado para entregar essa mensagem, ele atrasou o fim da entrevista para dizer que "precisamos estarmos unidos". Mas unidos para quê? É possível estar unido com aqueles que fazem parte do problema? O governo chileno tomou medidas como chamar um estado de exceção pela catástrofe, argumentando que os militares são necessários para cuidar do abastecimento dos hospitais com os suprimentos necessários. Eles seriam uma "força sanitária" nas palavras de Piñera.

Mas as forças armadas não são necessárias para isso: o principal problema de suprimento tem sido a especulação das grandes cadeias, e a principal ameaça aos hospitais tem sido o abandono da saúde pública por parte dos governos de direita assim como a antiga Concertación de Partidos por la Democracia. No fundo, eles querem que os militares alcancem maior controle social.

Ao mesmo tempo conversaram sobre quarentena, enquanto continuam obrigando milhões de trabalhadores a produzir produtos não essenciais. O que os interessa é manter os lucros das empresas ao máximo em um cenário de catástrofe: "Uma forte recessão econômica é provável para este ano no mundo", disse Piñera na entrevista. Manter os lucros à custa de arriscar a saúde e a vida dos trabalhadores.

Não existe uma unidade possível com esse governo ou com os empresários que, em sua sede de lucro, condenam os trabalhadores a condições de trabalho insalubres, sem nenhum tipo de segurança. Exemplos de mobilizações na silvicultura, transporte público e comércio devem ser potencializados e ir além.

Se queremos uma saída de funda para a pandemia, devemos atacar os lucros dos capitalistas e enfrentar Piñera e seu governo: colocando toda a capacidade produtiva do país a serviço da solução da crise, superando a irracionalidade desse sistema econômico para colocar as forças produtivas e serviços para superar a pandemia, ou seja, em função das necessidades da grande maioria dos trabalhadores.

"Juntos, vamos derrotar o coronavírus", disse Piñera. A verdade é que, com ele no comando, quem pagará os custos da pandemia serão os trabalhadores e suas famílias.




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