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22M Campinas: parar as nossas escolas e unificar a luta contra a Reforma da Previdência

As centrais sindicais convocaram um dia nacional de mobilização contra a Reforma da Previdência para a próxima sexta-feira (22/03), mas seguem sem efetivamente construir na base das diversas categorias de trabalhadores um dia real de paralisação. Diante de tantos ataques do governo Bolsonaro e do papel nefasto das centrais sindicais é fundamental que os trabalhadores retomem os sindicatos para as suas próprias mãos e que organizem a partir dos locais de trabalho uma força real que tome as ruas e expresse seu total rechaço a Reforma da Previdência. Na região metropolitana de Campinas (SP) os professores já sinalizaram que irão paralisar dezenas de escolas na próxima sexta-feira.

Livia Tonelli Professora da rede estadual em Campinas (SP)

quarta-feira 20 de março de 2019 | Edição do dia

Nos primeiros meses de governo, Bolsonaro já mostrou para o que veio: descarregar nas costas dos trabalhadores, juventude e setores oprimidos a crise econômica que eles criaram. Com Reforma da Previdência (PEC 6/2019) Bolsonaro, Paulo Guedes, Sergio Moro e companhia querem que nós, trabalhadores e juventude, morremos nos nossos locais de trabalho ou que tampouco cheguemos a nos aposentar.

É uma grande mentira que a Reforma da Previdência veio para combater os ditos privilégios, principalmente, do funcionalismo público e garantir que a previdência não “quebre”. Essa reforma tem como real objetivo proteger os ricos, os patrões, os empresários e atacar os trabalhadores e os mais pobres. Trata-se de uma versão piorada da proposta do golpista Michel Temer. Não tenhamos dúvidas que a finalidade é atender a sede de lucro da burguesia nacional e internacional e não tocar nos privilégios dos políticos e militares. Grandes bancos e empresários, tais como o Banco Santander e a assassina Vale S/A, tiveram um total de R$ 354,7 bilhões de isenção de suas dívidas com a previdência nacional. Somados a este valor há um montante de 426 bilhões de reais que não foram repassados ao INSS pelos grandes empresários do país. A pergunta que está colocada é: Quem criou o rombo da previdência? E, quem eles querem que paguem por esse rombo? A essa reflexão é importante ressaltar que todos os anos trilhões de reais são entregues ao capital internacional para pagar juros e amortizações da dívida pública. Uma dívida ilegítima, ilegal e fraudulenta. E que diante de dispositivos legais são retirados recursos financeiros do fundo previdenciário, da saúde e da educação para o pagamento da mesma. Dinheiro que deixa de ser investido nesses setores para arcar fielmente com o principal mecanismo de saque nacional.

Para nós professores, ademais de todos os ataques à educação que Bolsonaro e o ministro Ricardo Vélez não fazem questão alguma de esconder, a reforma da previdência é uma grande investida na retirada de direitos de uma categoria que já é assolada por condições precárias de trabalho e de baixa remuneração. É evidente diante de todos os ataques ideológicos, tais como o projeto Escola sem Partido, e da Reforma da Previdência em si que o governo Bolsonaro encara o professor como um verdadeiro “inimigo”. A reforma propõe que as professoras trabalhem em média por mais 10 anos do que atualmente era necessário para se aposentar. Trata-se de uma categoria majoritariamente feminina. De mulheres que exercem dupla ou tripla jornada de trabalho. Um ataque profundo para nossa categoria. Nesse sentido, é fundamental que nessa sexta-feira (22/03) paralisemos as nossas escolas.

É hora de mobilizar a comunidade escolar para barrar a Reforma da Previdência. Assim como batalhar em cada local de trabalho com os nossos colegas para recuperarmos os sindicatos para as mãos dos trabalhadores. Não podemos aceitar que as burocracias sindicais usem a reforma da previdência como moeda de troca para negociar sua localização diante da nova estrutura sindical que está em jogo com o governo Bolsonaro. Paulinho da Força Sindical, deputado pelo Solidariedade, já apontou para isso ao dizer “Mas se isso acontecer (governo se opor a um novo regime sindical), vamos colocar a reforma da previdência na mesa de negociação”. A UGT, União Geral dos Trabalhadores, também tem deixado explicito desde o início do ano a sua intenção de negociação com o governo.

Veja: Centrais Sindicais mantém trégua e não constroem na base a paralisação do 22M contra reforma da previdência

Já a CUT e a CTB, centrais sindicais dirigidas respectivamente pelo PT e PC do B e que inclusive dirigi o sindicato dos professores do Estado de São Paulo (APEOESP), seguem com uma passiva oposição parlamentar sem construir de fato mobilizações a partir dos locais de trabalhado que se coloque a altura dos nossos desafios. Isso é parte da aposta eleitoralista do PT para 2022 e fica evidente na paralisia dessas centrais sindicais. A Ford em São Bernardo do Campo, berço da CUT, irá fechar e a resposta do sindicato foi mandar os trabalhadores de volta pra casa. Já Bebel, ex-presidenta da APEOESP e atual deputada estadual pelo PT, votou essa semana a favor do candidato do Dória (PSDB) para presidência da Alesp. PSDB que a mais de 20 anos promove o sucateamento da educação pública. Vale lembrar também que o Pc do B de Manuela D’ávila votou no Rodrigo Maia (DEM) para a presidência da Câmara dos Deputados, o principal articulador da reforma e que disse que “todo mundo consegue trabalhar até 80 anos”.

Diante de tantos ataques é necessário que as centrais sindicais rompam imediatamente com a sua paralisia e construam um verdadeiro plano de lutas contra a Reforma da Previdência e os ataques de conjunto que o governo Bolsonário dispara contra a classe trabalhadora e juventude. Que os sindicatos impulsionem assembleias de base onde os trabalhadores possam decidir sobre o rumo da sua luta! É nossa tarefa nos colocarmos contra Reforma da Previdência e em defesa da organização dos trabalhadores.

Segue abaixo as ações que ocorrerão em Campinas no dia nacional de mobilização contra a reforma da previdência:

Ato dos Professores da rede estadual, particular, universitária e Servidores Municipais.
Horário: 10:00
Local: Largo do Rosário.

Concentração e panfletagem no centro e nos terminais de ônibus.
Horário: 16:30
Local: Largo do Rosário.

Ato unificado contra a reforma da previdência.
Horário: 18:00
Local: Largo do Rosário.




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