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1º DE MAIO | 1º de Maio em Contagem após o histórico 28A de greve geral

Flavia ValleProfessora, Minas Gerais

terça-feira 2 de maio de 2017 | Edição do dia

Há 41 anos é realizado na Praça da Cemig em Contagem o ato político do primeiro de maio, dirigido pelo Sindicato de Metalúrgicos de BH e Contagem, seguido pela missa organizada pela arquidiocese de BH. Esse ano foram cerca de 2000 presentes no ato político, em um cenário político muito novo: após uma das maiores greves gerais protagonizadas pelos trabalhadores no país, que parou o Brasil de ponta a ponta.

O primeiro de maio na Praça da Cemig é uma marca da tradição de luta da classe trabalhadora da região, que foi uma das pioneiras na luta política contra a ditadura em 1968, com as ocupações da antiga Mannesmann (hoje a multinacional Vallourec) e da Belgo. É também a classe que compôs o ascenso operário de 1979, protagonizando greves espontâneas que tomaram as empresas de Contagem, BH e a Fiat em Betim, junto com a famosa “greve dos peões” da construção civil e a greve dos professores da rede pública.

Depois do 28A entramos em um novo momento em que a ação dos trabalhadores volta a estar no centro da cena política em nosso país, com uma greve geral de um dia sendo o fator para aprofundar a sensação da população de que é possível barrar as reformas, num momento de extrema debilidade do governo golpista de Temer.
Agora os trabalhadores estão na expectativa de quais os novos passos a serem dados. Por hora, as grandes centrais estão se vendo pressionadas a convocar mais um ou dois dias de greve geral, que foi anunciado nos atos do primeiro de maio em SP hoje, com a possibilidade de uma marcha a Brasília. Isso acontece pois existe pressão das bases de trabalhadores para mover seus sindicatos a serviço da luta contra as reformas.

De nossa parte, que militamos no MRT (Movimento Revolucionário de Trabalhadores), e ajudamos a impulsionar as agrupações de mulheres Pão e Rosas, de trabalhadores Nossa Classe e a Juventude Faísca, acreditamos que é necessária a preparação de uma greve geral política para a derrubada das reformas e de Temer, e cada ação ser pensada com esse objetivo final. Quais são então os próximos passos?

Sabemos que entre as forças as centrais sindicais, há aquelas direções que são aliadas dos empresários como a UGT que em Minas Gerais chegou a dizer para os trabalhadores precários da sua base dos empregados do comércio que na greve geral era cada um por si; ou a Força Sindical que quer apenas negociar as reformas sem deixar que nada saia do controle, como muitas vezes já expressou o dirigente golpista dessa central, Paulinho da Força. Além dessas, há também aquelas direções que apostam numa estratégia reformista de conciliação de classes que busca pressionar os deputados para tentar fazer com que mudem seus votos.

Essa segunda estratégia é a que aposta um setor da CUT que cada vez mais ganha protagonismo nacional, por via do peso de aparatos que têm em Minas Gerais. Essa última, com todo cuidado de não perder o controle do movimento, impede todo tipo de auto organização dos trabalhadores pela base, como a direção do Sindicato de Metalúrgicos, que não convocou sequer assembleias de base nas fábricas na preparação para o 28A; ou a direção do SindUTE estadual, que foi contrária a todas as propostas feitas em assembleias de comando de greve com representantes de base.

Apesar desse boicote à auto organização por parte da direção da CUT em Minas Gerais, os trabalhadores da educação em greve junto à subsede do sindicato da educação de Contagem impulsionaram pela base aulas públicas em todas as regiões da cidade, dialogando com a população e debatendo quais os próximos passos de nossa luta funcionando como embriões de comitês contra as reformas articulando grêmios, professores e seus sindicatos, associações de bairro, pastorais. Para buscar fortalecer a auto organização dos trabalhadores, chamamos as organizações da esquerda a exigir junto conosco aos grandes sindicatos e às centrais que convoquem grandes comitês de luta contra as reformas para preparar uma greve geral com o objetivo de derrubar as reformas e Temer.

E se conseguirmos derrubar as reformas? Restará a nós qual saída política? Nós do MRT somos uma força que luta pela construção de um governo de trabalhadores em ruptura com o capitalismo e seus governos que servem aos ricos e poderosos. Sabemos, porém, que a população tem enorme expectativa sobre o poder do voto de cada um de nós para eleições direitas em nosso país. Porém, ainda que acreditando no poder do voto, não podemos ter nenhuma ilusão que uma saída eleitoral por dentro deste regime servirá aos trabalhadores.

Por isso batalhamos para a eleição de milhares de deputados constituintes em todos país que expressem a força dos trabalhadores e da juventude em cada região para levantar uma Nova Constituinte que comece com a tarefa de revogar todas as leis e reformas desse governo golpista, assim como todas as medidas dos governos de Dilma, Lula e FHC que foram contra os direitos dos trabalhadores, e que siga impondo o fim da dupla jornada, das múltiplas funções, a efetivação de todos os trabalhadores, a redução da jornada sem redução do salário para todos trabalhadores, a estatização sob controle dos trabalhadores das grandes empresas como a Vale.

Veja no início da matéria e aqui o vídeo com a fala de Flavia Valle, representante sindical de base do sindUTE Contagem e ex-candidata a vereadora do MRT pelo PSOL, gravado pelo Esquerda Diário.




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