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PERSEGUIÇÃO POLÍTICA | 18 jovens perseguidos pela justiça por participarem do “Fora Temer” em 2016

Começou na semana passada o julgamento dos 18 jovens de SP vítimas de perseguição política por parte da PM de SP, do Exército Nacional e do judiciário. Se condenados, podem pegar até 15 anos de prisão.

quarta-feira 27 de setembro de 2017 | Edição do dia

Foto: Júlia Dolce/Brasil de Fato

RELEMBRE O CASO

O exército havia infiltrado entre os jovens manifestantes um major que ajudou na “emboscada”. 21 foram presos sem nenhum flagrante no dia 4 setembro de 2016 e tiveram provas forjadas pela Polícia Militar. Três meses depois, acusações absurdas foram feitas contra 18 deles (3 eram menores de idade) pelo promotor de Justiça Fernando Albuquerque Soares de Souza, dentre elas "transportar câmera fotográfica e de filmagem para registro das ações criminosas e posterior divulgação nas redes sociais".

As acusações foram aceitas pelo Tribunal de Justiça com base em indícios de que eles poderiam vir a cometer crimes “porque eles estavam vestidos de preto”. Eles são acusados de organização criminosa e corrupção de menores, podendo receber penas de até 15 anos. Dentre as irregularidades do processo, o advogado dos réus, Thiago Rocchetti, aponta a disparidade entre as versões do exército, que admite a cooperação com a Secretaria de Segurança Pública e a infiltração de um militar no grupo, e a própria Secretaria, que nega e não menciona nenhum destes fatos no processo.

Outro fato é que no momento da detenção os jovens tiveram seus celulares apreendidos e não puderam contatar advogados durante mais de 5 horas. O juiz Paulo Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo já havia afirmado, em audiência realizada uma semana após a detenção, que as prisões haviam sido ilegais e que não podemos aceitar “‘prisão para averiguação’ sob o pretexto de que estudantes reunidos poderiam, eventualmente, praticar atos de violência e vandalismo em manifestação ideológica. Esse tempo, felizmente, já passou.” Nenhum dos manifestantes tinha qualquer passagem pela polícia.

Em entrevista, Rosana Cunha Risaffi, mãe de um dos acusados, diz que o estado emocional do filho está "detonado", e que ele entrou em depressão. Esse é o mesmo caso de muitos, que perderam os empregos e não conseguem retornar à rotina; segundo ela, três dos jovens já tentaram suicídio.

O JULGAMENTO COMEÇOU

Após a primeira sessão do julgamento, na última sexta-feira (22), os próprios réus perceberam as contradições nas versões dos policiais que depuseram, que a cada momento relataram o caso de uma maneira, mudando quem fez a denúncia, a forma como seguiram os manifestantes, etc.

Agora o major do exército William Pina Botelho, que se infiltrou entre os manifestantes com o falso nome de “Balta Nunes” e ajudou na prisão persecutória, irá depor como testemunha de defesa dos manifestantes, uma "manobra" do advogado deles para forçar o depoimento do militar.

Nas manifestações de 2013 Rafael Braga foi o único condenado, acusado de fabricar artefatos explosivos por portar uma garrafa de Pinho Sol. Uma condenação para intimidar os manifestantes, especialmente negros e pobres. Não é diferente o caso dos 18 jovens perseguidos pela PM e pelo judiciário do estado de SP, uma clara mensagem aos manifestantes do “Fora Temer” e da resistência aos ataques do governo golpista e impopular.

É preciso repudiar estes processos contra os manifestantes, mobilizando sindicatos, entidades de direitos humanos, entidades estudantis e organizações e partidos de esquerda. Em defesa do direito de manifestação e contra a perseguição política. A próxima sessão do julgamento será no dia 10 de novembro.




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