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14 anos sem Sabotage, mas o rap ainda é compromisso

Há 14 anos ocorreu o assassinato de Mauro Mateus dos Santos, 29 anos, vulgo Sabotage, que usava o rap como uma arma para denunciar a desigualdade e o racismo em suas composições. Morava na zona sul em São Paulo, favela do Canão, o cantor foi um símbolo para o rap nacional, que inspira vários rappers e mc’s até hoje, onde revolucionou com suas rimas rápidas e seu flow e mostrou com personalidade que o rap é compromisso.

Diego FelicettiCoordenador do CACH - Unicamp

quarta-feira 25 de janeiro de 2017 | Edição do dia

Morador de uma favela na Zona sul, Canão, o rapper sabotage gravou seu único disco "Rap compromisso" e participou do grupo RZO, ainda no início de sua carreira o rap não era, e continua não sendo um estilo musical aceito pela elite da sociedade, pois critica a desigualdade e o preconceito que essa mesma elite impunha, critica a polícia e o sistema como um todo. O grafite também era e continua sendo marginalizado por essa mesma elite. Este mês o prefeito de São Paulo João Doria (PSDB) com seu projeto higienista “Cidade Linda” apagou o maior mural de arte urbana da América Latina, toda a cultura e arte vinda da periferia e da rua é calada, limpa da cidade e criminalizada.

Suas músicas denunciavam a repressão policial com os moradores das periferias e o racismo: "Se for polícia fica esperto zé, pois a lei da cobertura pra ele te soca se quiser" e "de vez em quando a lei vai lá pra nos atrapalhar, choque, borrachada, bala perdida, coronhada", mostraram o papel que a polícia cumpre na sociedade de reprimir os interesses alheios da classe dominante, que vai utilizar de seu aparato repressivo para fazer cumprir sua função, acobertados pela justiça.

Outro aspecto muito importante visto na sua musica é a não confiança na justiça como ela é hoje, burguesa, pois é a mesma que assegura inúmeros crimes forjados, repressão policial e até o não julgamento antes de prender milhares, tem ações truculentas do estado. É essa mesma justiça lava-jato que passa por cima de diversos direitos e faz o que bem quer com o futuro do pais: "branco, e preto não dão sorte contra meritíssimo".

Hoje faz 14 anos que o maestro do Canão partiu, mas suas músicas e seus ensinamentos estão vivos até hoje, seu talento magnífico com o rap, sua personalidade criavam músicas que relatavam o dia-a-dia da favela do Canão e da sua vida. De lá para cá, o que mudou a mesma realidade vivida pelo Sabotage é a mesma que vivemos hoje, uma sociedade governada pelos interesses da elite e dos patrões, que proíbem certas artes e cultura, que se utilizam do braço armado do estado, a polícia, para reprimir qualquer resistência e essa justiça burguesa que serve aos seus interesses. Como já dizia Sabotage: "O Rap é uma arma pra periferia, ela denuncia".




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