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MOVIMENTO NEGRO | 13 de Maio: dia da Abolição? Marcha dos negros pela USP marca a noite deste dia

sexta-feira 15 de maio de 2015 | 00:01

Na noite desta quarta-feira, cerca de 500 negras, negros e apoiadores da luta destes se reuniram em frente ao Largo da Batata e marcharam para dentro dos portões da USP Butantã, reivindicando cotas raciais nas universidades, melhor qualidade no ensino básico, contra as terceirizações e diminuição da maioridade penal e em apoio aos professores estaduais em greve. Mesmo após a aprovação da lei de cotas nas instituições públicas de ensino, a USP se nega a implementar essa pauta, que mesmo não sendo a pauta histórica do movimento negro de cotas proporcionais, seria um avanço para a mudança do caráter elitista desta universidade que dentre seus mais de 90 mil alunos possui apenas 7% de estudantes negros.

Além disso, após quase 13 anos de um governo que se diz “dos trabalhadores” em um país de maioria negra, este governo não ofereceu quase nada de diferente aos negros do nosso país, mantendo a situação dos negros praticamente inalterada, pois permanecemos a esmagadora maioria nos trabalhos precários, somos a quarta maior população carcerária no mundo, durante este período tivemos um aumento da morte da juventude negra e que ocupa militarmente (e de maneira vergonhosa) a quase 11 anos o único país negro a proclamar sua independência através de uma revolução e acabar com a escravidão (Haiti).

Esta frente única, formada e sua maioria por entidades do movimento negro, mas também por movimentos de juventude, partidos de esquerda e presença de representantes dos dois principais sindicatos que protagonizaram greves importantes no ano passado, o Sindicato dos Metroviários de São Paulo e o Sindicato dos Trabalhadores da USP (SINTUSP), mostraram que o caminho para que os negros possam lutar por suas demandas passa também pela união entre as diversas categorias e com os trabalhadores, negrxs s brancxs, tomando para si esta luta.

No momento em que o debate por cotas na universidade traz à tona um tensionamento em relação à presença e permanência dos negrxs na universidade, e que cada vez mais casos de racismo aparecem dentro e fora dos muros das universidades públicas e elitistas do país, fazer este debate se faz necessário e a marcha de ontem traz um importante aporte a este debate.

Nas ruas ouvia-se ecoar palavras de ordem reivindicando o direito dos negros e negras estarem na universidade : “ Acabou o amor, vai ter cotas na USP: Sim senhor!”, e se ligando a Baltimore e as revoltas negras nos E.U.A na luta contra a policia e por nossa história de luta: “Baltimore escuta! Sua luta é nossa luta!”, “Mike brown e Erick não morreram em vão, eu sou pantera negra e vou fazer revolução!”, e sem esquecer que o Brasil é que garante e financia as tropas brasileiras que de paz não tem nada no Haiti “Como em Baltimore e no Haiti, aqui quem tá lutando são os herdeiros de zumbi!” tanto no Brasil como nos E.U.A a policia persegue, mata e captura negras e negros para manter a divisão social e racial do estado capitalista, “Ela é injusta, ela racista ela mata, ela é a policia, é militar, gcm ou civil recebe ordem do estado para matar com um fuzil”, e mesmo desmascaramos em alto e bom som a farsa da UPP racista que está no morro para matar os pretos como: “Foi, Foi, Foi a UPP que matou a Claudia, o Amarildo e o DG!”.

Esta marcha deveria marcar um novo momento do movimento negro, no qual a luta por suas pautas avance para questionar de maneira ainda mais profunda as contradições sociais das quais os negros são vítimas, como a baixa qualidade da educação básica que se contrapõe a urgência de aprovação da redução da maioridade penal, cotas nas universidades que questionem a existência do vestibular, que nada mais é que um filtro social que combinado com a péssima qualidade do ensino público também serve para excluir os negrxs do acesso a universidade, e a perseguição e morte da juventude negra nas periferias do país sob a justificativa de pareceram suspeitos, os trabalhadores e o povo negros só tem direito ao trabalho terceirizado com péssimas condições de trabalho enquanto a impunidade segue avançando a luz do dia nos crimes cometidos pela burguesia.

Devemos seguir na luta por nosso lugar nas universidades, por condições dignas de trabalho e pelo fim dos abusos policiais e que a luta dos negrxs seja cada vez mais uma luta de Todxs.




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