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FEMINISMO E MARXISMO | Lançamento de Feminismo e Marxismo reúne mais de 100 na FAPSS São Caetano

Nesta terça-feira (05), ocorreu o lançamento do livro Feminismo e Marxismo da Editora Iskra, com textos de Andrea D´atri fundadora do grupo de mulheres Pão e Rosas na Argentina, Diana Assunção, fundadora do Pão e Rosas Brasil e Jenifer Tristan.

quarta-feira 6 de setembro de 2017 | Edição do dia

O lançamento organizado pelo Centro Acadêmico Palmares - Gestão Quebrando as Correntes” junto com o colegiado da Universidade, reuniu mais de 100 estudantes e trabalhadores, que além das passagem em sala, também convocaram o lançamento com panfletagens nos telemarketings e na Vigor de São Caetano para que as mulheres trabalhadoras possam se apropriar do espaço acadêmico para debater a sua organização.

A mesa contou com a professora Vera Cotrim, que leciona Filosofia na Faculdade Paulista de Serviço Social e a professora Maíra Machado, dirigente do Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT) e ex candidata à vereadora em Santo André pelo PSOL.

Após a apresentação da professora Sônia Carvalho, Vera Cotrim iniciou sua intervenção resgatando o significado de patriarcado como unidade de produção, expressando os fundamentos da opressão secular das mulheres pelos homens nas sociedades pré capitalistas e de como a revolução industrial deixou esses vestígios no passado e garantiu novos mecanismos para aperfeiçoar a dominação da classe burguesa sobre a classe trabalhadora. Demonstrou como as correntes marxistas que encaram a luta das mulheres como algo menor não enxergam que o feminismo deve ser parte do combate marxista, no sentido de ser um combate de classe. Vera resgatou as ideias de Clara Zetkin e outras marxistas russas para mostrar o debate vivo que foi levado à frente nos momentos da Revolução Russa de 1971.

Maíra Machado iniciou sua intervenção explicando que a publicação “Feminismo e Marxismo” assim como as demais publicações feitas pelo Pão e Rosas, como “A Mulher, o Estado e a Revolução” e “A precarização tem rosto de mulher”, não foram feitas para ficar na estante, mas que são uma verdadeira ferramenta para a luta das mulheres, apontando reflexões e exemplos históricos para construir uma estratégia revolucionária para vencer o capitalismo e o patriarcado e construir uma sociedade livre de exploração e opressão.

Maíra desenvolveu os aspectos internacionais que fazem do feminismo uma movimento dinâmico e crescente de questionamento e a profunda desigualdade de gênero e a violência machista. Apontou as principais diferenças entre o feminismo liberal pensado para "poucas mulheres", as diferenças do feminismo radical que perpetua a divisão da classe trabalhadora entre homens e mulheres e iguala mulheres burguesas como Ângela Merkel com mulheres palestinas apenas pelo seu gênero, além dos problemas de transfobia fruto da sua concepção determinista biológica. Também apresentou as ideias do feminismo interseccional, claramente mais progressista, mas que não leva em conta a exploração capitalista como um divisor de águas. Então, apresentou aos alunos e trabalhadores a concepção marxista sobre a luta das mulheres, onde a Revolução Russa foi a maior experiência de protagonismo e avanços profundos na vida das mulheres. Comparando essa experiências, há 100 anos atrás, com a realidade trágica das estatísticas que revelam a profunda situação de miséria e violência que sofrem as mulheres, que com as reformas aprovadas pelo congresso golpista só tendem a piorar ainda mais.

Concluiu com a ideia de que frente a perda de uma convicção da revolução como uma possibilidade concreta de transformação social e uma condição para garantir verdadeira igualdade entre homens e mulheres, muitas correntes do feminismo se tornaram inofensivas para o capitalismo. Além disso, pontuou que o Pão e Rosas, atuou em distintos países como Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, França, Alemanha, neste 8 de março para que se paralisassem as produções em defesa da vida das mulheres, e fez o convite para que todas que estavam na atividade tomassem pra si a apaixonante tarefa de lutar pela emancipação do conjunto da humanidade.

Após a abertura, houve duas rodadas de três perguntas, onde foram feitos questionamentos sobre os motivos que levaram os movimentos sociais ganharem tamanha dimensão pós a derrota da União Soviética, sobre o machismo dentro do local de trabalho e nas entrevistas de emprego e a relação entre racismo e machismo. Depois, se perguntou sobre os conceitos de "lugar de fala", "protagonismo" e o papel dos homens na luta feminista. A última pergunta foi talvez a mais emblemática, já que questionava frente a todo o debate que foi feito ali, qual a forma de acabar com a sociedade de classes.

Para a responder a isso a professora Vera expressou a necessidade de questionar a propriedade privada, que é a base para a manutenção desse modo de produção que vivermos hoje: o capitalista.

Maira colocou que a partir de tudo que havíamos refletido durante o debate não poderíamos acreditar que mudariamos as regras desse jogo do dia para a noite e que a partir disso temos que preparar a vitoria da classe trabalhadora sob a burguesia, a partir da construção de um partido revolucionário que enraizado na classe trabalhadora possa superar a burocracia sindical e tomar o poder político e econômico, constituindo um Estado operário de transição que seja um ponto de apoio para a revolução internacional.

Pegando essa gancho expôs a situação precária em que se encontra o sistema de saúde em Santo André e a campanha impulsionada pelo esquerda diário pela reabertura dos postos de saúde fechados. Houve uma grande adesão a campanha, sendo apoiada pelos alunos, ex-alunos e professores da FAPSS.




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